01/12/2021
Ano 24
Número 1.250


 

ARQUIVO
VIEGAS F. DA COSTA

Viegas Fernandes da Costa
 

O retorno à Revista Rio Total

 

Viegas Fernandes da Costa - CooJornal

Quando comecei a escrever na internet, isto lá pelo ano de 2001, alguns sites serviram de abrigo periódico para aqueles meus textos. O primeiro deles foi A Barata, de São Paulo, do amigo poeta e agitador cultural Luiz Carlos Barata Cichetto. As crônicas do meu primeiro livro, "Sob a luz do Farol" (publicado pela editora Hemisfério Sul, da escritora Urda Alice Klueger) conheceram seus primeiros leitores lá. Logo vieram outros sites, e outros editores, e um dos que me proporcionaram uma das mais longas e afetivas parcerias foi a Revista eletrônica Rio Total, da amiga Irene Serra. Esta revista carioca já tem quase 900 números e existe há 18 anos!

Quando comecei a publicar periodicamente na internet, a sensação era o e-mail. Facebook não existia, blog era algo que engatinhava e eu mesmo possuía um site pesadão e gótico hospedado no extinto "hpg". Tempos de internet discada e do Viegas escrevendo mailingzine. Sim, não cheguei a fazer fanzines mimeografados, mas o mailingzine que escrevia logo ultrapassou os limites do próprio e-mail (tinha que montar grupos de 20 destinatários, em um universo de 15 mil, o que me obrigava a horas diante da internet apenas para distribuir o texto). Do mailingzine para as colunas nos sites amigos, A Barata, Rio Total, entre tantos outros, alguns inclusive do exterior, como a Revista Andar 21, da Galícia (Espanha).

Depois de publicado Sob a Luz do Farol, minha atividade literária na internet começou a reduzir. Alguns sites foram fechando, a rede aumentando. Surgiram as grandes redes sociais, primeiro o Orkut, depois Twitter e agora o Facebook. Meu site pesadão e gótico virou Blog, publiquei mais dois livros que pouca gente leu, o último encalhado na editora como um enorme elefante translúcido (chama-se "Pequeno Álbum" este livro, e tenho muito orgulho dele, apesar do fracasso editorial que é). Enfim.

Diferentemente da maioria dos autores que conheço, meu processo foi inverso. O berço dos meus textos foram os bytes, já a cama de hoje é de papel. Além dos livros que publiquei, a coluna semanal de crônicas, nascida naquela internet discada, hoje abre suas janelas todas as quintas-feiras no Jornal de Santa Catarina, em papel. Claro, temos aqui uma realidade híbrida. O blog sobrevive e o Facebook serve-me sempre como laboratório literário. Se no antigo A Barata nascera Ernesto, o poeta sem livros, personagem principal de Sob a Luz do Farol, no livro de rostos encontrei Ornitorrinco, meu pensador preferido. A coluna do Santa circula também neste território esquizofrênico, assim como diversos outros textos meus. De qualquer forma, é no suporte convencional do papel que hoje sobrevivo. E por que digo tudo isto?

Há algumas semanas Irene Serra reencontrou-me por meio desta rede social e convidou-me para retornar a Revista Rio Total. O resultado é a volta do verbo que sempre me assaltou a uma das suas antigas casas. Periodicamente Irene estará publicando textos meus lá na Revista Rio Total, e hoje foi o primeiro. Bateu então uma nostalgia. É isso. Se alguém quiser conferir, o link da coluna segue abaixo.


(RT, 25 de maio/2014)
Ano 18 - CooJornal nº 893


Releia a crônica: AS CIDADES DOS MEUS OLHOS


Viegas Fernandes da Costa é historiador e escritor.
Autor dos livros "Sob a Luz do Farol" (Crônicas, 2005), "De Espantalhos e Pedras Também se Faz um Poema" (Poemas, 2008) e "Pequeno Álbum" (Contos, 2009).
Atualmente leciona História no Instituto Federal de Santa Catarina e é cronista do Jornal de Santa Catarina.
Reside em Blumenau, SC.


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