16/01/2022
Ano 24
Número 1.256





 

ARQUIVO

PEDRO FRANCO


 


 

 


A meritocracia

O termo é meio antipático, só que, buscar o mérito, parece-me meta sempre desejável. E em muitas ocasiões o mérito fica escondido por outras razões. E quem tinha o mérito perdeu vaga, ou oportunidade, para quem não o tinha. Genérico exemplo e até perigosos de citar. Um determinado jovem tinha mais mérito, sabia mais em prova, que outro. Só que o País fora injusto com determinada etnia no passado e então um Governo resolveu fazer justiça histórica e, por exemplo, 10% das vagas em determinado concurso público ficou para os daquela etnia e até o politicamente correto se arvora no direito de não aceitar que os 10% de jovens prejudicados, julguem-se prejudicados e o mínimo que lhes diz, citando ótimo paradoxo de Oscar Wilde, é que “a Madureza agradece à Juventude o brilho de sua inexperiência.” Era a mesma prova, ele, jovem, tirou 7,3, só que o governo avisou que os de determinado grupo, que sofrera graves danos históricos, se tirasse 5,2, seria aceito e aquela jovem do 7.3, para o País pagar injustiça pretérita, não seria aceito e que fosse catar coquinhos na Lagoa do Abaeté. E que fosse catar sem chiar, pois, reclamando, não teria alcançado a Justiça, que se produzia. E até no Prêmio Nobel se vê preferências por fatores políticos, que não o mérito literário e para exemplo se pode citar a Literatura Brasileira, que não alcançou o Nobel de Literatura e há muitos exemplos de literatos patrícios, que mereceriam o cobiçado laurel por mérito. Laurel é dose! E não vale citar Saramago e nem discuto seu mérito, só que é lusófono, não é brasileiro e sim português. Será que Bob Dylan, Alice Munro e Olga Tokarczuk, conheço parte de suas obras, são escolhas absolutamente literárias, ou tiveram viés de diferentes conotações, sem julgar de fato a meritocracia literária. Seria leviano comentar o Camões de Literatura de 2021, dado à escritora moçambicana Paulina Chiziane, já que nada sei sobre sua obra, ou valor literário. Deixando o Camões (para mim o prêmio se chamaria Eça de Queiroz, outros preferirão Machado de Assis e ambos têm totais méritos), de lado e voltando ao Nobel, vale perguntar quando será que lusófono brasileiro será premiado na Suíça? Nada foi encontrado na literatura brasileira que mereça o prêmio? E há julgamentos nos quais o critério passa longe, até porque, quem julga, não está preparado para ver mérito e sim se escuda na demagogia, em “fakes” e até em sua própria ignorância e despreparo. O leitor pode reclamar que juntei alhos a bugalhos, só que há de convir que procurei ir ao mérito e, talvez, ingenuamente, em vários exemplos. Vide o das votações, quando se pensa nos duzentos anos da República Brasil. Se sou monarquista, não, não sou e fecho a salada de assuntos correlatos com frase política e meritória, que pode nortear a Democracia. “Ninguém pretende que a Democracia seja perfeita, ou sem defeito. Tem-se dito que a Democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Winston Churchill.


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Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral

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