16/04/2024
Ano 27
Número 1.363




 

ARQUIVO

PEDRO FRANCO


 


 

 


Nem tanto ao mar

Ou à terra. E me veio à lembrança artigo onde novelista avisava que agora escreveria sobre babás e não mais sobre princesas. Tudo bem. Genericamente não esqueçam as histórias de princesas e até de príncipes encantados. Há hora literária para a vida real e também para a utopia, romance e ternuras. E até sobre abóboras que virem carruagens. Há lugar para Augusto dos Anjos e para Chico Buarque, e para Olavo Braz dos Guimarães Bilac, para o poeta com permanente dor de cabeça e para Drummond, Veríssimo e Amado, sem esquecer Quintana eu passarinho. Já nos chega o politicamente coreto, que implica com os anões da Branca de Neve, ou com os hilariantes personagens do Chico Anysio, ou, absurdo dos absurdos, com a Tia Anastácia do Monteiro Lobato, ou com o mulatólogo de carteirinha Lamartine, o brasileiro, que chamou belas de pancadões, que maravilha e derrapou no como tua cor não pega, mas foi de raspão e sem maldade, diz sua obra. Eça teria que desdizer do Padre Amaro, do Primo Basílio, do Machado, que trai no Alves & Cia (Machado por acaso, ou algo com nosso de Assis?), Quanto de risos, lágrimas de esguicho, aprendizado didático perderíamos ao aceitar o politicamente, que é infeliz censura. E fecho com recriminação à censura, que conheci com 10 anos e desde então a detesto e ataco. Minha mãe começou por me ler As Caçadas de Pedrinho. Já nas Reinações li e me encantei com Narizinho. Cursava a Escola Municipal Duque de Caxias, Grajaú, Rio, RJ. Nela remediados e pobres. Vou levar os Monterios Lobatos para a Biblioteca e os colegas pobres conhecerão Emília. Avisa-me com tristeza a professora bibliotecária. Não podemos ter livros do M. Lobato aqui. O DIP do Estado Novo não deixa, que Lobato é comunista. Dona Benta e Quindim comunistas? O politicamente é censura? ´Tou fora e vivam princesas e babás. E já tive ambas. Muito lamentavelmente perdi minha princesa e com 66 de casados e 72 anos de conhecimento. C´est la vie! Sem censuras.


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Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral

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