05/02/2011
Ano 14 - Número 721


 

Seja um
"Amigo da Cultura"






ARQUIVO
MILTON XIMENES

 

Milton Ximenes Lima



 RUBEM BRAGA/ RUBEM-BRAGUICES (IV)


 

Milton Ximenes, colunista - CooJornal

AINDA CINCO HISTÓRIAS

Primeira: na Revista Manchete:
Durante anos foi cronista da “Manchete”, até o dia em que o patrão Adolpho Bloch ofereceu uma festa a Juscelino Kubitschek no Antonio’s. Na entrada do Rubem, Adolpho exclamou: “ Olha, Presidente, chegou o maior cronista do Brasil”. Rubem respondeu de bate-pronto; “Maior cronista do Brasil, né? Agora conta quanto você me paga”. Foi despedido. ( Gazeta Mercantil, 10.01.2003, Álvaro Costa e Silva).

Segunda: Conversa de despedida, Affonso Romano de Sant’Anna:
Depois de falar de bem-te-vis, cheguei ao assunto da doença com Rubem. Os amigos todos achavam que ele devia se tratar, que aquele tipo de câncer às vezes tem cura. Falei, insisti mansamente, mas ele resistia. Alegou que poderia perder a voz. Disse-lhe:
-Mas você nunca foi homem de falar muito, Rubem! Além do mais, você não é cantor, é escritor. Cantor é que precisa de voz.” O Globo, 23.12.1990, “Rubem, o passarinho.”

Terceira: “Coube a Vinicius de Morais”, (o autor de Orfeu da Conceição-inserção minha), lançar Niemeyer no teatro. Mas a idéia propriamente é de Rubem Braga que, há tempos, conversando com Niemeyer, insistiu para que ele se dedicasse àquela forma artística de tanta movimentação e colorido. E o cronista ponderou: - Suas construções são verdadeiros cenários, Niemeyer.” (O Globo de 16.05.2006, Seção “Há 50 anos”, Segundo Caderno, pg.9).

Quarta: Crônica “O cadáver sou eu”, de Maciel de Aguiar, n’ A Gazeta, de Vitória, e na revista Sete Dias, do Joa, de Cachoeiro: “Certa vez, Rubem perguntou-me “quando morrer vai preferir queimar o corpo ou vai querer velório, choradeira e sepultamento”? Mas que coisa mais sem sentido, tenho vinte e poucos anos e nem penso nisso... Ele levantou-se, deu uma boa talagada, e disse: “Pois quando eu morrer não quero dar trabalho, vou deixar tudo certo... cremar o corpo e jogar as cinzas no Itapemirim, é higiênico e detesto gente chorando aos meus ouvidos...” Dias antes (da sua morte – inserção minha) havia ido a S.Paulo, procurando uma empresa especializada e contratado o serviço: “quero cremar um corpo...”. Pagou e quando o atendente indagou pelo defunto, disse-lhe: - “O cadáver sou eu... mas não espalhe que detesto ver gente chorando.”

Quinta: Artigo de Leon Konder sobre Otto Lara Rezende, transcrevendo história contada pelo jornalista Fernando Pedreira:
Um dos interlocutores preferidos do grande conversador (Otto) era o Rubem Braga: visitava-o quase todos os dias. Quando Rubem morreu, Otto ficou tristíssimo. Alguns dias depois, estava em casa e viu um passarinho aparecer na janela, insistindo em bicar o vidro. Não hesitou em interpretar o acontecimento: “É o Rubem me chamando”. Poucas semanas mais tarde, submeteu-se a uma intervenção cirúrgica e faleceu, ele também. (JB, Caderno B,21.12.2002).


OS FINALMENTES, AS HOMENAGENS


Cachoeiro, Teatro Municipal Rubem Braga – Foto internet

A cidade de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de 29 de maio 2006, passou a ser considerada a Capital Nacional da Crônica, vivenciando, a cada dois anos, a BIENAL RUBEM BRAGA, em cinco dias de efervescência cultural, abrigando seminários, exposições, apresentações teatrais e outras atividades, homenageando, para sempre, o querido filho Rubem, cronista maior, cerca de quinze mil crônicas publicadas, reconhecido como o único escritor a conquistar, no mundo literário brasileiro, um lugar definitivo exclusivamente como cronista. É nome de rua, de bairro, de Concurso de Crônicas da Academia Cachoeirense de Letras, de Medalha da Câmara Municipal, do Teatro Municipal e de Lei de Apoio Cultural (Vitória e Cachoeiro).


Metrô RJ – General Osório, Terceira Saída, com elevador para o Mirante da Paz – foto MXL

Também, mais recentemente, em 30.06.2010, as autoridades estaduais e municipais do Rio de Janeiro batizaram com seu nome o conjunto de construção da terceira saída da Estação de Metrô General Osório, em Ipanema, com duas torres e elevadores ligando a rua Barão da Torre ao Morro do Cantagalo, de onde se identifica o apartamento de cobertura do prédio vizinho à Estação, onde o escritor residiu.


Apartamento de cobertura onde o Cronista residiu, visto do Mirante da Paz – foto MXL

F I M
 

(05 de fevereiro/2011)
CooJornal no 721


Milton Ximenes é cronista, contista e poeta
RJ

miltonxili@gmail.com

Direitos Reservados