01/03/2021
Ano 24 - Número 1.212



 

ARQUIVO
IRENE SERRA




 

Irene Serra



Na companhia das Moças de Pousadas

Irene Serra - CooJornal

E elas chegaram, com direito a um bom Campari – que não será derramado, mas sorvido bem devagar – e quiçá acompanhado de petiscos para aproveitar a noite, que parece será de sutilezas e emoções, estas entremeadas a amor, nostalgia, picardia, suspense. E muito mais!

Ah, essas moças... vieram apresentadas pelo bom amigo Pedro Franco, incansável em nos proporcionar bons momentos, sejam eles em Itaipava, Cabo Frio, Paquetá, na bem próxima Copacabana ou na distante Paris. Como não viajar? Aos poucos vamos nos tornando íntimos de quem não conhecíamos, mulheres de origem, personalidade e formação tão diferentes.

Paramos em um boteco na Vila da Penha para saborear delicioso bife com fritas. Porém, as moças me instigaram a ir em frente, pois queriam que eu conhecesse a esposa do Dr. Nogueira, o qual, por força da lida médica, teve de sair para atender cliente, interrompendo a programada tarde de descanso. Quanta sensibilidade no abrir e fechar a porta de casa que, sem chamar atenção, é de um carinho supremo!

Fim inesperado, mesmo, teve a Maria Celina do Norberto. Eu também teria chorado se sentisse não ter devidamente aproveitado tão verdadeiro amor. Conversa  vai, conversa vem, relacionamentos esmiuçados, personagem pinçado outrora, que leva à premiação em Jacarezinho - gosto desta cidade, no Paraná, onde tenho amiga de fato e de afeto, que tão bem me recebeu quando lá estive.

Mas relembrar It’s too late com Carole King foi imbatível! Cantei e dancei. Dá-lhe, primo! Continue mostrando à Letícia que nunca é tarde e nos dê a chance de continuarmos a cantar e dançar. O amor é o que há de mais lindo, sem hora nem limites.

Enfrentar uma blitz na estrada não é para qualquer um, estando ou não de Mercedes. Mas ladinos sempre se saem bem e têm alternativa para tudo. Haja criatividade! Quis esticar a conversa com a detetive Matilde, mas as moças tornaram a me chamar: “Venha ouvir o rangido da porteira e o chiado dos carros de boi. É aqui pertinho, em Pedro do Rio”. Nunca negaria tal convite, menina que fui de gangorrar em porteiras e passar por baixo de cerca de arame. Só não podia tardar, pois a noite já ia em crescendo e eu tinha imensa curiosidade em saber o que se escondia em determinado caderninho de notas, que estava guardado bem ali adiante.

E como detalhes de um Van Gogh podem levar a descobertas no Redentor? Só mesmo um criativo escritor, acompanhando a mente de um detalhista e perspicaz fotógrafo, para engendrar tal trama. Se este estivesse na Quinta, a barca para Paquetá, não precisaria que ela apitasse, sentiria no ar o que estaria para ocorrer. Nós outros, simples que somos, devemos discernir os sons desse apito, caso o navegador seja ladino no avisar aos amigos se são boas-vindas ou apenas um defeito no motor.

Poesia para muitos, fim de novela para outros, mas sempre esperança de novos enlaces, passeios e descobertas que nos encantam. Escolher o que mais gosta? Quem se atreve? Mas, se agora é tarde e ficamos apreensivos com uma possível batida policial, nada como descansar ao som do ranger da porteira apreciando detalhes do Corcovado.

Não conto nem um conto, deixo-os à imaginação, ou melhor, na leitura de Moças de Pousadas, o recente livro de contos lançado por Pedro Franco. Conversem com o autor,  em pdaf35@gmail.com




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Irene Vieira Machado Serra
foniatra, editora da Revista Rio Total, copidesque
RJ 
irene@riototal.com.br   



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