01/10/2023
Ano 26
Semana 1.337

 


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Passeio Público




Jorge Mitidieri


Lendas, Histórias e Estórias, o Passeio Público tem pelo menos três, contando o por que ele foi construído.

Existe uma, que era muito conhecida dos alunos em escolas primárias, através do livro Meu Tesouro, para alunos da terceira série - das professoras Helena Lopes Abranches e Ester Pires Salgado - que conta que o Mestre Valentim, que inspecionava a construção do Cais do Largo do Paço, escutou uma linda moça conversando:
- Esta noite tive um sonho...
- Alegre ou triste?
- Bonito, principalmente bonito. Sonhei que esta feia lagoa estava transformada em um belo jardim, onde havia um belo coqueiro!

É verdade. Onde hoje existe o Passeio Público, era uma feia lagoa, suja e mal cheirosa, a Lagoa do Boqueirão, e estava entre terrenos pantanosos, e imaginem que essa lagoa se ligava através dos Arcos com a Lagoa da Sentinela, lá no Mangue. Dizem, portanto, que inspirado no sonho, teria Valentim transformado o sonho em realidade.

Cais do Largo do Paço - foto RioAntigo


A segunda, conta que o Vice-Rei Luiz de Vasconcelos, logo que assumiu o governo, gostava muito de passear pela beira-mar e era visto sempre acompanhado de um amigo mulato, conhecido como Mestre Valentim. Numa dessas caminhadas veio a conhecer e se apaixonar, perdidamente, por uma moradora local. Era uma moça humilde, bonita, e que morava em uma casa modesta, junto a um coqueiro, e que costumava lamentar-se da pobreza do local e da sujeira que lá existia. O nome dessa bela rapariga era Suzana e, num desses lamentos, foi ouvida pelo apaixonado, que resolveu tomar providências a respeito. Mais que depressa o Vice-Rei mandou aterrar a lagoa e mandou o ilustre auxiliar projetar um belo jardim em frente à casa da bela amada. A história não é confirmada, mas que é de um grande poder romântico, ninguém nega. Do Projeto inicial, o coqueiro caiu, as garças ali existentes foram roubadas, o original do menino talhado em mármore branco que segurava a tartaruga da qual saía um jato de água para um barril de pedra com os dizeres “Sou útil embora brincando”, também foi roubado e foi substituído por um de chumbo.

A terceira versão, a que é mais plausível, atribui razões de urbanismo e saúde pública para o problema de uma lagoa mal cheirosa e cheia de mosquitos.

Do livro Contos e Contos,
de Jorge Mitidieri

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Direção e Editoria
Irene Serra