Morto terça-feira passada aos 87 anos, o poeta, professor, cronista e crítico literário Affonso Romano de Sant´Anna (Belo Horizonte, 27.03.1937/ Rio, 04.03.2025) partiu sem ter sequer consciência de que sua esposa, a também escritora Marina Colasanti, partira pouco mais de um mês antes dele. Meu amigo estava “fora do mundo”: com Alzheimer desde 2017 e acamado há quatro anos. “Este é o país que pude/ que me deram/ e ao qual me dei,/ e é possível que por ele, imerecido,/ – ainda me morrerei.”, escrevia ele em 1980 no seu grande poema “Que País é Este”: “Uma coisa é um país,/ outra um ajuntamento.// Uma coisa é um país/ outra um regimento.// Uma coisa é um país/ outra o confinamento”.

“Foi uma crônica o primeiro texto que aos 16 anos escrevi para jornal e hoje tenho 12 livros de crônicas. Sou um escritor crônico. No tempo. Do tempo. Minha poesia está prenhe de história e meus ensaios versam sobre questões atuais e intemporais” – dizia Affonso em entrevista publicada em 2012 no nº 36 da revista “Poesia Sempre”, por ele criada em 1993, quando dirigia a Biblioteca Nacional. Cronista de seu tempo, sempre up to date, ele foi principalmente o grande incentivador da leitura em nosso país.

Publico agora em meu blog, link a seguir, algumas de nossas trocas de mensagens, de nossos muitos contatos ao longo de mais de 50 anos de amizade e encontros vários. Como se vê, por exemplo, na foto do encontro sobre poema e música que mediei em 2011 no Congresso de Poesia de Bento Gonçalves, ao lado de Affonso Romano e de Márcio Borges, do Clube da Esquina.
Link para o blog: https://ronaldowerneck.blogspot.com/2025/03/affonso-romano-de-santanna-perde-este.html