16/01/2021
Ano 24 - Número 1.206




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RONALDO WERNECK



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Ronaldo Werneck



TEVERE-ROMA
FELLINI-RIMINI

 

Ronaldo Werneck - CooJornal

Fellini forever, como se vê no vídeo que acabo de concluir, ainda em homenagem ao centenário do cineasta italiano (Rimini, 20.01.1920 – Roma, 31.10.1993).

Estive novamente em Roma há dois anos e, fellinimaníaco contumaz, dessa vez passei finalmente pela Via Margutta, onde Federico morou com Giulietta Masina (Coincidência: Patrícia e eu voltávamos de um giro pela Toscana, a bordo exatamente de um modelo “Giulietta” da Alfa Romeo). No final da Via Margutta encontra-se também o portão do sobrado para onde o plebeu Gregory Peck levou a princesa Audrey Hepburn no filme de William Wyler, com direito a bucólicos passeios de lambreta por uma novelhíssima Roma do pós-guerra, meados dos anos 1950.

Roma é fixação. E mais uma vez ali me lembrei de um velho poema, “Bilhete pra Roma”, que escrevi em 1975 para meu saudoso amigo, o baterista Afonso Vieira, onde acabava citando o grande poeta Giuseppe Ungaretti: “Afonsim/ meu meninim/ tupiniquim/ depois de tanto tempim/ segue este bilhetim/ só pra dizer que sim/ estamos bem muito bem/ loucos como sempre/ de porre às vezes/ sós com saudades/ (...)/ são oito da mattina/ e lá fora/ a manhã/ se descortina/ guarda com´è bella!/ filtrando/ luzes/ pela janela/ paola/ riccardo/ simona/ e tutti quanti/ carbonara & chianti/ às vezes penso/ e/ m´illumino d´immenso”. Mas nada de “Arrivederci Roma”, nada de adeus. Roma è per sempre. Como Fellini: forever.

Faço então uma última (mas não “a última”) homenagem ao centenário de Fellini por meio do vídeo que vocês vão ver a seguir. Trata-se de uma releitura de meu poema “Il Tevere/ Fellini Roma”, que está no livro “cataminas pomba & outros rios” (Dobra Editorial, São Paulo, 2012): “noite de spotlights/ vem da sombra a cidade/ por luzes enfarada/ saciada de césares/ faces flashes de outrora/ estilhaços de fausto/ tênues fragmentos”. Uma retomada do poema com direito a imagens (by Giuseppe Rotunno) do filme “Roma” (1972) e, by Patrícia Barbosa, deste poeta sempre a render homenagem a Il Maestro. Acrescente-se, ainda, a movimentada edição de textos & imagens by Sabrina Venturini. Tudo no embalo felliniano da música de Nino Rota. Espero que “seja do agrado”.

Sempre brinquei ao dizer que “Cataguases é a minha Rimini”. Lembro de Fellini falando em alguma entrevista que não gostara nada quando voltou anos depois ao seu “paese”, à sua Rimini (terra também de minha amiga Andrea Muncini, que está lá ainda agora, presa pela pandemia). Não havia restado nada do que recriara em filmes como “I Vitelloni” ou “Amarcord”. Definitivamente não gostou do que viu, o bucolismo da vida e dos casarões de sua adolescência, de sua memória afetiva, transformados em transeuntes apressados, carros e mais carros, prédios modernosos de uma cidade já naquela época tomada pelo turismo. Cataguases ainda não chegou a tanto. È va bene.

Vejam o vídeo no link a seguir: https://youtu.be/5hSW2yY0wIAc



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Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG
https://ronaldowerneck.blogspot.com/



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