15/06/2017
Ano 20 - Número 1.033

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CARLOS TRIGUEIRO

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Carlos Trigueiro



Conversa vai, conversa vem...

Carlos Trigueiro - CooJornal

 Entrevista à Oleg Almeida publicada nas Revistas digitais: “EisFluências”  (Ano V, nº XXX,  Lisboa/Portugal e Recife/Brasil, agosto/2014),  GERMINA/Literatura (Volume 10, nº 2, agosto/2014, Brasil), RIOTOTAL (Ano 18, nº 913, Nov. 2014, Brasil) e no BLOG do GALENO, 2014.
(continuação)

 


OA: Nascido em Manaus, você viveu parte da infância em Fortaleza, mudando-se a seguir para o Rio de Janeiro, ou seja, conheceu desde muito cedo o Norte, o Nordeste e o Sudeste do Brasil. É claro que essas experiências ampliaram a sua visão e compreensão da realidade brasileira. Elas o ajudaram, igualmente, a formar-se como escritor? Sua criatividade teve fontes telúricas?

CT: De fato, essas mudanças na infância e juventude tiveram grande influência na minha visão da realidade brasileira, e logo compreendi que o Brasil não era um país uniforme, mas, no meu ponto de vista, sim, vários países – aqui e ali com suas conotações geográficas, climáticas, sociais, raciais, e de costumes – unidos fundamentalmente pelo idioma português. Isso teve influência nas minhas emoções, na minha visão do país e, claro, mais tarde, na minha literatura. Porém, não creio que a minha expressão criativa tenha apenas fontes telúricas, já que outras experiências culturais e acadêmicas, bem como muitos anos vivendo em outros países, também contribuíram.

OA: Quando você estreou na literatura? Como foram esses primeiros passos no caminho literário: fáceis ou nem tanto?

CT: Eu já escrevia eventualmente textos de cunho sociológico e político no JORNAL DO BRASIL, do Rio de Janeiro, mercê de uma formação acadêmica na FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS que era muito focada nesses aspectos.
Mas a minha estreia na literatura foi com Memórias da Liberdade, teoricamente um tipo de obra que os escritores escrevem, quase sempre, em fim de carreira. Todavia, na época, eu vivia em Madri (Espanha) e estava influenciado pelo livro Confesso que vivi, do Pablo Neruda, que lera e relera.
Quando me dei conta, já estava contando também minhas experiências vividas, e ainda não completara quarenta anos de idade. É um livro de reminiscências, principalmente dos meus tempos infantis no Amazonas, Pará, Ceará e começo da adolescência no Rio de Janeiro.
Publicar no Brasil foi difícil. A Editora faliu antes de editar o livro. Na época, 1985, eu já trabalhava em Macau (China). Vim ao Brasil em férias, fiz um acordo com o editor e recebi de volta os meus originais em Tabelião e Cartório.
Depois, às minhas expensas, editei e publiquei Memórias da Liberdade nas gráficas de um amigo e com o selo da editora falida, porém com a distribuição comercial por minha conta. Doei trezentos exemplares para a Biblioteca Nacional, contratei um distribuidor particular e o livro foi razoavelmente distribuído.
De outra parte, o lançamento foi com “pompa e circunstância”, em Macau, naquela época ainda território chinês sob administração portuguesa, com apoio de jornais, personalidades culturais lusitanas e chinesas da época. Saíram algumas boas resenhas em português e chinês nos jornais locais. Tenho ainda alguns recortes das matérias publicadas, e que hoje estão digitalizadas no meu site literário www.carlostrigueiro.art.br

OA: Você trabalhou, por décadas, no Banco do Brasil. Como foi essa etapa de sua vida? As atividades profissionais se contrapunham ao seu fazer artístico ou, pelo contrário, completavam-no?

CT: Trabalhei 32 anos no Banco do Brasil. Foi uma experiência riquíssima porque eu viajava por terra, mar e ar, implantando serviços bancários pelo país. Conheci muito dos interiores brasileiros, isolados, populações praticamente fora do mapa e também cidades do litoral. Na época, o Banco do Brasil realizava serviços por conta do Banco Central, recém-criado, e que ainda não tinha estrutura. Imagine que viajei várias vezes, em navios-transporte da Marinha de Guerra, levando numerário para as principais agências distribuidoras da moeda corrente nacional, desde Paranaguá (PR) até Manaus (AM), de porto em porto, nas capitais e algumas cidades da bacia amazônica. Essas experiências aliadas à curiosidade natural do escritor foram importantes mananciais literários.


(Continua...)



Extraído do livro "HISTÓRIAS TIPO ASSIM: WHATS-au-au-APP",
selo IMPRIMATUR, Ed. 7Letras.

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Comentários sobre o texto podem ser encaminhados ao autor, no email
carlostrigueiro@globo.com


(15 de junho/2017)
CooJornal nº 1.033


Carlos Trigueiro é escritor e poeta
Pós-graduado em "Disciplinas Bancárias".
Prêmio Malba Tahan (1999), categoria contos, da Academia Carioca de Letras/União Brasileira de Escritores para “O Livro dos Ciúmes” (Editora Record), bem como o Prêmio Adonias Filho (2000), categoria romance, para “O Livro dos Desmandamentos” (Editora Bertrand Brasil). RJ
contato@carlostrigueiro.art.br
www.carlostrigueiro.art.br



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