Entrevista à Oleg Almeida publicada nas Revistas
digitais: “EisFluências” (Ano
V, nº XXX, Lisboa/Portugal e
Recife/Brasil, agosto/2014),
GERMINA/Literatura (Volume 10, nº 2, agosto/2014, Brasil), RIOTOTAL (Ano
18, nº 913, Nov. 2014, Brasil) e no BLOG do GALENO, 2014.
(continuação)
OA: Nascido em Manaus, você viveu parte da
infância em Fortaleza, mudando-se a seguir para o Rio de Janeiro, ou seja,
conheceu desde muito cedo o Norte, o Nordeste e o Sudeste do Brasil. É
claro que essas experiências ampliaram a sua visão e compreensão da
realidade brasileira. Elas o ajudaram, igualmente, a formar-se como
escritor? Sua criatividade teve fontes telúricas?
CT: De fato,
essas mudanças na infância e juventude tiveram grande influência na minha
visão da realidade brasileira, e logo compreendi que o Brasil não era um
país uniforme, mas, no meu ponto de vista, sim, vários países – aqui e ali
com suas conotações geográficas, climáticas, sociais, raciais, e de
costumes – unidos fundamentalmente pelo idioma português. Isso teve
influência nas minhas emoções, na minha visão do país e, claro, mais
tarde, na minha literatura. Porém, não creio que a minha expressão
criativa tenha apenas fontes telúricas, já que outras experiências
culturais e acadêmicas, bem como muitos anos vivendo em outros países,
também contribuíram.
OA: Quando você estreou na literatura? Como
foram esses primeiros passos no caminho literário: fáceis ou nem tanto?
CT: Eu já escrevia eventualmente textos de cunho sociológico e
político no JORNAL DO BRASIL, do Rio de Janeiro, mercê de uma formação
acadêmica na FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS que era muito focada nesses aspectos.
Mas a minha estreia na literatura foi com Memórias da Liberdade,
teoricamente um tipo de obra que os escritores escrevem, quase sempre, em
fim de carreira. Todavia, na época, eu vivia em Madri (Espanha) e estava
influenciado pelo livro Confesso que vivi, do Pablo Neruda, que
lera e relera. Quando me dei conta, já estava contando também minhas
experiências vividas, e ainda não completara quarenta anos de idade. É um
livro de reminiscências, principalmente dos meus tempos infantis no
Amazonas, Pará, Ceará e começo da adolescência no Rio de Janeiro.
Publicar no Brasil foi difícil. A Editora faliu antes de editar o livro.
Na época, 1985, eu já trabalhava em Macau (China). Vim ao Brasil em
férias, fiz um acordo com o editor e recebi de volta os meus originais em
Tabelião e Cartório. Depois, às minhas expensas, editei e publiquei
Memórias da Liberdade nas gráficas de um amigo e com o selo da editora
falida, porém com a distribuição comercial por minha conta. Doei trezentos
exemplares para a Biblioteca Nacional, contratei um distribuidor
particular e o livro foi razoavelmente distribuído. De outra parte, o
lançamento foi com “pompa e circunstância”, em Macau, naquela época ainda
território chinês sob administração portuguesa, com apoio de jornais,
personalidades culturais lusitanas e chinesas da época. Saíram algumas
boas resenhas em português e chinês nos jornais locais. Tenho ainda alguns
recortes das matérias publicadas, e que hoje estão digitalizadas no meu
site literário
www.carlostrigueiro.art.br
OA: Você trabalhou, por décadas, no
Banco do Brasil. Como foi essa etapa de sua vida? As atividades
profissionais se contrapunham ao seu fazer artístico ou, pelo contrário,
completavam-no?
CT: Trabalhei 32 anos no Banco do Brasil. Foi uma
experiência riquíssima porque eu viajava por terra, mar e ar, implantando
serviços bancários pelo país. Conheci muito dos interiores brasileiros,
isolados, populações praticamente fora do mapa e também cidades do
litoral. Na época, o Banco do Brasil realizava serviços por conta do Banco
Central, recém-criado, e que ainda não tinha estrutura. Imagine que viajei
várias vezes, em navios-transporte da Marinha de Guerra, levando numerário
para as principais agências distribuidoras da moeda corrente nacional,
desde Paranaguá (PR) até Manaus (AM), de porto em porto, nas capitais e
algumas cidades da bacia amazônica. Essas experiências aliadas à
curiosidade natural do escritor foram importantes mananciais literários.
(Continua...)
Extraído do livro "HISTÓRIAS TIPO ASSIM: WHATS-au-au-APP",
selo IMPRIMATUR, Ed. 7Letras.
(15 de junho/2017)
CooJornal nº 1.033
Carlos Trigueiro é escritor
e poeta
Pós-graduado em "Disciplinas Bancárias".
Prêmio Malba Tahan (1999), categoria contos, da Academia Carioca de Letras/União Brasileira de Escritores para “O Livro dos Ciúmes” (Editora Record), bem como o Prêmio Adonias Filho (2000), categoria romance, para “O Livro dos Desmandamentos” (Editora Bertrand Brasil).
RJ
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