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Visitas a doentes
Pedro Franco
Podem ajudar aos
enfermos, mostrando que é querido e lembrado, melhorando suas condições
psicológicas. Não discuto. Mas, de forma geral, por serem malfeitas, só agravam
o estado de saúde do paciente. É uma constatação, após longos anos de Medicina.
Antes que tudo, se houver um aviso de visitas proibidas, vale para todos os
familiares, ou amigos, só havendo a exceção para um acompanhante, se o médico
assistente arbitrou esta exceção. Não adianta ser o primo querido, o chefe, o
cobrador, ou uma "amiga" muito chegada. Visitas proibidas são visitas proibidas.
Há uma motivação médica, ditada pela técnica, com apenas uma finalidade:
contribuir para recuperar o enfermo.
Se as visitas são permitidas, há que
fazê-las com método: 1) uma a duas de cada vez no quarto;
2) devem durar
pouco tempo. Tempo no sentido de 5 a 10 minutos;
3) não se fuma no quarto do
doente;
4) não se fala alto, ou se fica às gargalhadas;
5) não se vai
com "cara de enterro";
6) ninguém se deve perfumar em excesso, ou encher o
quarto de flores;
7) quarto de enfermo, desculpem a gíria, ditada pela
irritação do que vemos, não é local de "chacrinha";
8) nos corredores do
hospital valem as mesmas recomendações. Se o seu enfermo é uma parturiente e o
recém-nato vai bem, no quarto ao lado alguém pode estar entre a vida e a morte;
9) não se dá comida ao enfermo, trazida da rua. Como veem da rua, cuidado também
com o que manuseia. Lave-se, se for preciso. E não é preciso beijar ou abraçar o
enfermo. Lembre-se, ele é um doente. Doente!
10) Deixei para o final um
tópico fundamental. Cuidado com os assuntos abordados. O doente já está abalado
pela doença, ou pela cirurgia e vem alguém e conta um caso muito triste ou a
morte de um amigo comum, ou começa a chorar. E são visitas demoradas, que se
revezam, para não cansar, o dia inteiro, e cansam doente e acompanhante. Os
assuntos para um paciente, em casa ou no hospital, ou mesmo na rua, devem ser
não traumatizantes. E mesmo de doente para doente. Como em uma sala, por
exemplo, de cobalto terapia, sem querer, doentes e familiares, familiares e
doentes e doentes e doentes se massacram, trocando agruras, só falando em
tristezas, abalando a moral de todos. Procure, ao conversar com um enfermo,
motivos leves, alegres, gerais, que possam distraí-lo de suas dores, ou
preocupações. Faça o impossível para infundir-lhe confiança, sem polemizar, ou
discutir. Deixe a tarefa da "guerra", para quem de direito: a equipe técnica.
Mas antes de tudo: cuidado com seus assuntos, cuidado com suas doenças ou seus
"casos". O visitante, às vezes, ajuda muito ao doente. Em determinadas ocasiões
foi o empurrãozinho que faltava para o pior.
Pedro Franco é médico cardiologista
RJ pdaf35@gmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra
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