Degeneração da Mácula
Uma das principais causas de cegueira em idosos
Com o processo de
degeneração da mácula, no centro da retina, a pessoa perde a capacidade de ler e
reconhecer rostos. Um medicamento aprovado nos Estados Unidos é capaz de
estabilizar ou melhorar a visão.
A degeneração da mácula relacionada à
idade é uma das principais causas de cegueira em pessoas acima dos 60 anos.
Estima-se que essa doença que destrói gradualmente a mácula (região central da
retina responsável pela percepção de detalhes) atinge cerca de 2 milhões de
idosos no Brasil. Nos Estados Unidos, esse número chega a 13 milhões.
As
causas ainda não foram descobertas. Sabe-se apenas que está ligada à idade. Ou
seja, com o tempo, por razões que não se conhece, algumas pessoas desenvolvem o
mal, que as incapacita de dirigir, ler e reconhecer rostos. Isso ocorre porque
elas perdem a visão central do olho, ficando apenas com o campo periférico (em
casos graves pode ocorrer a perda total da visão).
Os fatores de risco,
no entanto, já foram estudados pelos cientistas e apontam que pessoas com
antecedentes da doença na família, fumantes, hipertensos e portadores de níveis
alterados de colesterol têm mais propensão a desenvolvê-la. Sabe-se que atinge
mais as mulheres do que os homens acima dos 60 anos.
É o primeiro
tratamento eficaz contra a doença
Um dos piores fatos relacionados à
degeneração é que não existe um tratamento que de fato acabe com o problema.
Quer dizer, não havia até então. E eis aí a boa notícia: a Food and Drug
Administration (FDA), órgão americano que regula a venda de alimentos e
remédios, aprovou a primeira droga para o tratamento da degeneração da mácula
relacionada à idade. Trata-se da droga verteporfin (nome comercial Visudyne),
medicamento que faz parte de um tipo de terapia chamada fotodinâmica.
A
droga é injetada por meio intravenoso (no braço, por exemplo) e “migra” até os
vasos anormais localizados no olho – responsáveis pela destruição da visão
central. Aí é ativada por meio de um raio laser (é aplicado no olho durante 90
segundos, sem a necessidade de anestesia) e passa a impedir o crescimento dos
vasos “defeituosos”, sem afetar os saudáveis ao redor. “Essa droga é um grande
avanço”, afirma Paulo Augusto de Arruda Mello, oftalmologista da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), Brasil, e vice-presidente do Conselho Brasileiro
de Oftalmologia (CBO). Cada aplicação custa cerca de 2 mil dólares e, em média,
são necessárias cinco aplicações, em um período de dois anos, para se obter bons
resultados.
A boa notícia, no entanto, é restrita a quem sofre de
degeneração da mácula do tipo úmido. Explica-se. Esse mal se manifesta de duas
formas distintas: a seca e a úmida. A primeira é a mais comum (responde por
cerca de 90% dos casos) e a menos grave. Com o tempo, atrofia as células da
superfície da mácula e leva à perda da visão central. O processo é lento e não
causa cegueira total. A forma úmida é mais rara (10% dos casos) e severa – cerca
de 200 mil diagnósticos da doença são feitos a cada ano entre os americanos.
Caracteriza-se pela presença de vasos sangüíneos que se instalam atrás da retina
(região no fundo do olho onde se forma a imagem) e que “vazam” para a mácula,
destruindo-a rapidamente e podendo provocar cegueira em um período de até dois
anos.
Testes mostraram eficácia em 61% dos pacientes
Os testes
clínicos feitos com 609 pacientes nos Estados Unidos e na Europa mostraram que,
em média, o verteporfin foi capaz de interromper o processo de degeneração da
mácula em 61% deles. Em um dos estudos, os pesquisadores constataram que a droga
estabilizou a visão de quase metade dos pacientes e produziu melhora em cerca de
16% deles.
Em São Paulo, a Unifesp começou testando o novo medicamento
em quarenta pacientes. Os resultados preliminares indicam que a droga
estabilizou a visão de 30% das pessoas testadas e causou melhora em 20%.
Antes dele, o único tratamento disponível eram aplicações de raio laser cuja
função é cauterizar justamente aqueles vasos que “avançam” sobre a mácula. Mas,
por não ser seletivo (pouca precisão), e por isso poder lesar outras estruturas
do olho, esse laser é indicado apenas para cerca de 15% dos portadores da
degeneração úmida da mácula. Outras alternativas para o tratamento dos dois
tipos de degeneração incluem prescrições de vasodilatadores, vitaminas A e E e
outras substâncias anti-oxidantes.
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