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Dia 10 de Tishrei (Iom Kipur)
Prof. Sami Goldstein
O
Dia do Perdão é o ponto fundamental das comemorações do Ano Novo judaico, sendo
o único dia no qual temos cinco serviços religiosos (Kol Nidrei, Arvit,
Shacharit com Mussaf, Minchá e Neilá).
Quando nossos antepassados
vagavam pelo deserto, o dia 10 de Tishrei (Iom Kipur) foi a data em que Moisés
desceu do Monte Sinai com as segundas Tábuas da Lei, demonstrando que Deus havia
perdoado o povo pelo pecado do bezerro de ouro. Portanto, este Iom Tov dia ficou
marcado para as futuras gerações como um dia de expiação e arrependimento.
Diferentemente de Rosh Hashaná e qualquer outra festividade, as leis de
Shabat também vigoram em Iom Kipur. Além disso, ele tem suas próprias leis:
durante 25 horas abstemo-nos de comer ou beber, assumindo concretamente nosso
remorso pelas faltas cometidas e para, ao mesmo tempo, podermos concentrar-nos
no espiritual, afastando-nos simbolicamente do excesso material que nos cerca
nos outros dias. Mais ainda: o jejum conscientiza-nos acerca do sofrimento de
tantos desprivilegiados em todo o mundo que passam fome o ano inteiro. Todos os
homens acima de 13 anos e mulheres acima de 12 devem jejuar (as crianças devem
abster-se de comer guloseimas neste dia). É importante ressaltar que , sempre
que o jejum trouxer riscos à saúde, ele deve ser imediatamente suspenso.
Uma outra proibição é a de usar sapatos feitos de couro. A origem está no
versículo bíblico : "No Dia da Expiação (...) afligirás tua alma" (Levítico
23:27). O desconforto físico, segundo a tradição, é um meio para a penitência
espiritual. Antigamente, somente os calçados feitos a partir do couro eram
confortáveis. Outra interpretação é que neste dia, dedicado à vida, não é
tolerada a destruição de um ser vivo, nem mesmo um animal. E, finalmente, existe
uma explicação social: apenas os ricos podiam dar-se ao luxo de comprar artigos
de couro. Em Iom Kipur, há uma perfeita nivelação de todos os homens. Diante de
D-us não há ricos nem pobres - somos todos iguais. As outras proibições são:
lavar-se; sichá - o que, antigamente, era a unção com óleo, mas que, hoje,
aplica-se a perfumar-se, maquiar-se ou o uso de qualquer creme; e manter
relações conjugais.
Este era o único dia ano no qual o Sumo Sacerdote
tinha permissão para entrar no Santo dos Santos, a dependência mais sagrada dos
Templos. O Talmud relata que nem mesmo os seres celestiais tinham permissão para
adentrar naquele recinto. Lá, representando todo o povo judeu, ele pronunciava o
Nome de Deus composto de quatro letras, implorando para que o Criador perdoasse
suas faltas. Até hoje, durante o Serviço, relembramos a alegria do povo ao vê-lo
retornando para abençoá-lo. Justamente por isso, costumamos vestir-nos com
trajes brancos, a fim de que nossas vestimentas assemelhem-se àquelas utilizadas
por ele em Iom Kipur, já que o branco é o sinal da pureza e inocência.
Este dia, na Torá, é chamado de Iom Hakipurim, e não Iom Kipur, como
tradicionalmente o conhecemos. A tradução mais correta seria a Dia das
Expiações. Isto porque a maior prova de santidade e arrependimento não é pedir
desculpas a D-us, mas perdoar as faltas de seu companheiro. A mensagem de
fraternidade e amor ao semelhante é uma constante neste período tão sagrado.
G'mar Chatimá Tová Que sejamos confirmados para o bem.
Prof.
Sami Goldstein Sinagoga Francisco Frischmann Rua Cruz
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Direção e Editoria
Irene Serra
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