16/05/2021
Ano 24- Número 1.222



 

ARQUIVO
PEDRO FRANCO

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Quem, como, quando e por que?


Quem, como, quando e por que matou? Sempre li policiais e até fui ao ramo, ainda que com relativo sucesso. Quando um contista tenta ir ao ramo romance policial, percebe que primeiro deve treinar o romance e depois então ir ao romance policial. Todo romancista policial, clássico, ou “noir” e agora se fundem os dois gêneros, apresenta um herói, raramente dois. Simenon era Maigret, Doyle Holmes, Agatha Poirot e Miss Marple e chego ao norueguês Jo Nesbo (este último o tem um traço semi vertical), que leio agora com seu Harry Hole. E me parece que se um livro faz sucesso e seu autor põe a cabeça de fora em vendagem, que venham mais livros e com o mesmo personagem. Vale dizer que os bons livros policiais, hoje são também cronistas de uma época e para os livros terem inúmeras páginas, os autores “cronicam” sobre a sociedade naquele momento, o que dá novo encanto aos policias. Nesbo fala de música, do tempo, como chove na Noruega!, de bêbados e Harry é alcoólatra, enfim tem lá suas mumunhas. Vendeu bem “Boneco de Neve”, vamos a outras de Jo Nesbo. Que os livros sejam volumosos e há escritores que montam equipes, pois não têm a aptidão de muito escrever de Edgard Allan Poe e sós não dariam conta da empresa. Há prolíficos, feito Harlan Coben e julgo que deve ter equipe, para apresentar tantos livros. Entre nós brilhou logo e com prêmios importante Garcia-Roza no primeiro livro, “Silêncio da chuva” e faleceu há pouco tempo e seu Inspetor Espinosa teve boas tramas em Copacabana, mas sem atingir o brilho do primeiro livro. Temos um mestre do “noir, Joaquim Nogueira com três livros e merecendo um parou porque, porque parou, já que escreve com bases técnicas e iniciando com arte escola no Brasil. Temos a ótima Patrícia Melo (Inferno), Tony Bellotto, que teve livro indo a filme. A lista é maior e estou só exemplificando, sem poder deixar de citar Raphael Montes de quem li e aplaudi livros. Já em “Vida Perfeita”, gostei e até que cheguei as duas últimas páginas, onde um “happy end” absurdo desmerece o livro. Quem sabe se Oscar Wilde cabe bem aqui, pois Montes é jovem e tem talento: A Madureza agradece à Juventude o brilho de sua inexperiência. Acredito que seja escritor para muito produzir e até na derrapada Vida Perfeita vai no geral muito bem. E se leio muito no gênero, julgo necessário citar o italiano Andrea Camilleri, que consegue com seu Inspetor Salvo Montalbano chegar à graça em romance policial, fato raro, sendo que Camilleri viria ao Brasil com Stefan Sweig, pegou pneumonia, ficou por lá e foi bem no policial e de forma especial, juntando massas, gulodices, amores e máfia siciliana. Henning Mankel, sueco de renome, mostra com maestria as dificuldades da legislação, feita para suecos, com a chegada de imigrantes. Fecho com P D James. Chamada de a nova Agatha Christie, não gostou e foi pena. Talvez a Christie de fato tenha escrito livros demais, só que chegou a enredos ótimos, que foram até a filmes de sucesso. E Agatha tinha especial implicância com Poirot, a mesma lamentável marcação que Conan Doyle tinha com Sherlock Holmes, O inglês reclamava, como um importante escritor de romances históricos, vide “Companhia Branca”, ficava oculto pelas bobagens Sherlock Holmes? Reclamava e matava Holmes. Como é que pode?
 
   


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Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.



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