01/04/2021
Ano 24- Número 1.216



 

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PEDRO FRANCO

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Ninhos


Lendo o “Elas” – O Globo deste domingo, vi lindo ninho. E o pomposo douto pensará. – Que absurdo confessa que lê o Elas. Confesso e não há o porquê confessar. Sim leio o Elas, a Veja, o Globo, o RelevO; ouço a CBN e muito, com especiais destaques para Cássia Godoy e Bianca Santos, entro quase diariamente no Net Flu, na MSN, no G1 e nos sites da minha especialidade, que me mantém atualizado; estou lendo ”Hereges” de Leonardo Padura e arranjo tempo para rabiscar algo, escrever crônicas quinzenais para a Rio Total, contando com a boa vontade da Editora Irene Serra; ver filmes e séries e sempre com saudades da Dontown Abbey; ouvir música e ainda ficar estarrecido com o Brasil nestes últimos quatro governos. E sem aliviar nenhum dos poderes, ainda que a frase de Churchill sempre me norteie. “Ninguém pretende que a Democracia seja perfeita, ou sem defeito. Tem-se dito que a Democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Winston Churchill. Então os doutos já viram que, parodiando Belchior, sou apenas um velho comum. Ainda que sem grandes pecados até então. Volto ao ninho, que vi na Elas. De que pássaro, não sei. Ninhos sempre me impactam e louvo o João de Barro e seus arquitetônicos ninhos. Contava a lenda que, quando a fêmea traia o macho, este a emparedava no ninho. A tal defesa da honra, em boa hora neste março de 2021, cassada pelo Supremo. E como é bom bater palmas para o STF, ainda que raras! Mestre Helmut Sick, um dos meus heróis, estudou cientificamente os pássaros brasileiro e escreveu Ornitologia, na qual não desprezou o folclore. Nunca foram encontradas fêmeas emparedadas e sim filhotes. Por que filhotes? Encontrando um, que aceite responder e sem dar aquele grito de guerra tonitruante, pergunto. E como há pássaros que capricham nos ninhos nos mais estranhos lugares e depois que esforço fazem para alimentar os piantes filhotes. Gosto da comparação de ninho com aconchego familiar. E há pássaro muito malandro. Onde não há malandros em terras tupiniquins? O chopim, também chamado vira-bosta, que põe seus ovos em ninho alheio e assim não tem o desgaste dos demais pássaros. Em maioria os donos dos ninhos, vendo ovos estranhos, jogam fora e cuidam dos seus. Só que o Tico-tico, que a música colocou no fubá, cuida dos ovos do velhaco e chopins são pássaros de tamanho duplo em relação ao Tico-tico. E fica aquele filhote enorme atrás do Tico-tico, que se esfalfa para alimentar o filhote, que, sendo grande, nunca está satisfeito com o alimento, que o pai postiço lhe dá. Crescido, bate asas e que vá cantar o Tico-tico no fubá. Forçando comparação e é genérica, usualmente o político é o filhote de chopim nas eleições. No palanque pia e pia. Depois como se pode olhar no espelho, sem tomar um anti emético? Vale ler a crônica, em que Mestre Carlos Drummond de Andrade saudou Helmut Sick e que se chama “O Sábio discreto”. Merece ser procurada. É contra capa da Ornitologia Brasileira, obra fundamental sobre o tema e que muito elogia a avifauna do Brasil.
   


Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.



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