16/08/2020
Ano 23- Número 1.185

 

ARQUIVO
PEDRO FRANCO

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Em tempo de quarentena afloram recordações

Pedro Franco - CooJornal


Sobra tempo e voltam frases, algumas talvez interessantes e com intervenções até pessoais.

“O preço da liberdade é a eterna vigilância.” Velho refrão da UDN (União Democrática Nacional), partido que abrigou políticos de importância na História do Brasil. Perdeu eleições, até porque usava luvas de pelica e quando Carlos Lacerda tirou as de pelica, deu no que deu, conta a História.

Parece que não foi Charles de Gaulle quem disse e, se não disse, perdeu vaza de proferir quase verdade. O Brasil não é um país sério. O quase entra para salvar abnegados, que são honestos e ainda os há em quantidade. E, ser honesto em meio corrupto, leva a severos transtornos. Se o francês de nariz e pose ímpares não disse, Charles Darwin em visita ao Brasil elogiou flora e fauna e disse que no contato com homens brasileiros só encontrou burocracia e corrupção. Não creio que estivesse falando também das mulheres, o que salva as progenitoras. Despediu-se do Brasil de forma contundente. Espero nunca mais visitar um país de escravos. Charles Darwin tinha 22 anos, ainda não publicara sua “Teoria da Evolução das Espécies” e o desgosto com o Brasil principalmente se deveu as maldades vistas na escravidão.

Li, não sei onde, refrão cunhado pelo radialista Flávio Cavalcanti, que tomou banho de “smoking” na piscina do bunker do lendário Tenório Cavalcanti. Vale procurar o fato no Tio Google! Na semana anterior fui quem tomou o microfone do locutor Murilo Néri e em plena Noite de Gala, programa de maior audiência na TV brasileira na época, do Flávio Cavalcanti. Programa no ar, disse o que achava da imprensa sensacionalista e acabei sendo jogado fora da emissora, na Avenida Atlântica, pelos guardas da TV Rio, onde o programa ocorria. Antes, tomando o microfone do locutor, disse: O Senhor é um sensacionalista. Replicou o dono do programa. Todo repórter é sensacionalista. Consegui ainda dizer. Sensacionalista barato, porque, sabendo que eram mentiras contra nossa faculdade, mesmo assim levou ao ar a reportagem. Fui reconhecido na rua nos dias seguintes, cumprimentado, ainda que caricaturado na revista Maquis (1961). Era estudante de Medicina, ainda que já fosse pai, trabalhasse na CEF e fizesse faculdade.

Comecei com o li não sei onde e fui a acontecimento até pessoal. Explicação ruim o li não sei onde, pois fontes são necessárias, ainda mais em tempos de “fakes”. Li não sei onde, que o brasileiro não só joga lixo nas ruas e também nas urnas. E mesmo escrevendo a queixa da necessária votação interessada para eleger os patrióticos e probos, valho-me mais uma vez do pensamento de Churchill, (Ninguém pretende que a Democracia seja perfeita, ou sem defeito. Tem-se dito que a Democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.), líder que teve agora, junho de 2020, estátua pichada por ter sido racista. Pena, Winston, ser de outros tempos não desculpa racismo, só que nem por isto sua defesa democrática perde valor. Certos pensamentos ultrapassam quem os proferiu.

E se falei em racismo, que persiste em nossa terra, minimizado e presente, ouso dizer, camuflado, aconselho duas músicas. “Strange Fruit” (Abel Meeropol, ainda que publicada sob o pseudônimo de Lewis Allan), que ganhou fama na voz rascante de Billie Holiday e também outra música, esta brasileira, excelente, “Tributo a Martin Luther King” (Boscoli e Simonal). Os estranhos frutos eram negros que o Ku Klax Klan pendurava nas árvores, após enforcá-los. Como a história do mundo mostra maldades. Infelizmente o futuro do mundo também mostrará outras e tomara a vacina contra o COVID 19 não dê vaza a inúmeras maldades e falcatruas. Oremos!



Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.



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