16/03/2020
Ano 23- Número 1.165

 

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PEDRO FRANCO

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Ainda conselhos

Pedro Franco - CooJornal

Preocupam-me. Vivemos recebendo e aconselhando. Dos conselhos profissionais nem falo, ainda que muitas vezes a profissão me obrigue a saltar sobre o seu limite, para atingir os fins profissionais. Médicos não lidam com robôs e não podem basear suas atitudes apenas em números, tabelas, algoritmos e novidades técnicas, já que lidam principalmente com pessoas e suas perenes dificuldades. Ainda assim deixemos consultórios de fora da crônica. Parto de premissa que contraria absurdo ditado popular. Se conselho fosse bom, não se dava, vendia-se. Pensar assim é levar o mercantilismo às raias da loucura e do desapego humano. Deixemos compras e vendas de fora da conversa. Outro fato que deve estar nas mentes de aconselhador e aconselhado, é que conselho não obrigatoriamente deve ser seguido. Deve ser sopesado e seguir, ou não, depende de outros pormenores. Logo vale não cobrar obediências a conselho. E se o mesmo não foi seguido e por conduta contraindicada a vaquinha foi ao brejo, segure o eu não disse e não negue conselho, se o outro solicitar. Conduta que deve ser anotada, é se o amigo (a), parente ou não, aceita conselhos. Em caso negativo só o dê, quando solicitado. E assim mesmo em qualquer situação pondere fatos e não passe logo como conselho, o que de pronto vem á cabeça. A vida do outro deve ser ponderada, já que não é a sua. E como sua ideia vai cair no viver do aconselhado. Que não seja uma bomba, que tudo destroce, até porque há aconselhados que seguem piamente o que ouvem e não se trata de um Maria vai com as outras, só que tem em alta conta suas ponderações. Por exemplo, Mário é casado com Camélia. Você não ficaria casado com Camélia nem um dia e por vários motivos nem chegaria perto dela. Só que Mário é apaixonado por Camélia, o casamento sofre percalços e, no seu modo de ver, Mário deveria largar o barco Camélia, pois há risco de se afogarem os dois. Só que Mário ama de fato e viver sem ela, não seria viver. E se Camélia não lhe agrada, não tem defeitos irrecuperáveis. Então, aconselhar Mário a largar Camélia, não deve ser a conduta aconselhada. Que tal aconselhar remediar. Foi apenas exemplo, sujeito a chuvas e trovoadas. Que sua palavra, muito bem intencionada, não vá trazer ao amigo mais aflição ainda, até porque há filhos e outros problemas. Portanto se julgo conselhos ponderados, interessados, justos, aconselháveis, não acho fácil ser conselheiro e até o Conselheiro Acácio de Mestre Eça, já tenha postulado desta forma. É, posso ter dado de Conselheiro Acácio e também com as intensões mais puras. 



Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.



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