01/12/2019
Ano 22- Número 1.151


 

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PEDRO FRANCO

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Adendos à noite de autógrafos

Pedro Franco - CooJornal


Noites de autógrafos, mesmo se for para familiares e amigos, têm encantos e quantos. Assevero que já conto com alguma tarimba nas mesmas. Nunca uma é igual a outra e cada uma ao seu jeito se celebra. Acredito que esta seja canto de cisne. Contos 2019 – Pedro Franco pela Scortecci, Livraria Argumento – Leblon, coquetel do Café Severino da própria livraria. Tenho amigo e de brincadeira disse antes da noite de autógrafo anterior, que ficava preocupado com as dedicatórias. Fila, amigos (as) esperando, alguns com dificuldades de locomoção, toca a puxar da cachola períodos especiais e que valorizassem a vinda do amigo (a). E a este amigo especial contei que resolvi fazer uns quatro carimbos, levá-los à noite e, conforme o a solicitar autógrafo, carimbar: “Muito honrado por sua vinda”. “Obrigado por seu comparecimento, apesar da violência na cidade.”. Dizeres semelhantes nos outros carimbos. E depois da carimbada soltaria o jamegão com a Lamy. O amigo se preocupou, avisou que ia pegar mal, que não fizesse isto, que não preciso deste artifício etc. De molecagem apanhei carimbos velhos, almofada com tinta e os coloquei na mesa do embate. O amigo veio assuntar e assustado. Conferiu os dizeres dos carimbos, Diretor disto, Diretor daquilo, Professor, e caiu na gargalhada, pois caíra no embuste. E se prego peças nos outros, em noites de autógrafo as levo. Na minha frente uma senhora, o papelucho com seu nome fora esquecido, ou caíra. Tenho obrigação de conhecê-la. E não me lembro do seu nome! Que fazer. Ela na frente esperando. À querida amiga: Muito honrado com sua presença e peço benevolência no julgamento dos contos. Muito obrigado. Levanto-me fingindo euforia, abraço-a. Ainda bem que sei nome e sobrenome do próximo na fila. Nesta noite de 25 de outubro de 2019, na Livraria Argumento Leblon, o primeiro autógrafo foi para primo, mais irmão que primo. E eis que dias antes em telefonema, mais que semanal, há o seguinte diálogo. Diga-se que por amizade de mais de oitenta anos, não quero que se desloque da Barra à noite. Ele diz. - Na sexta estou lá. - Antigamente você só ia a lugares, se convidado. - Vou com a Cristina. - Sua querida filha foi convidada, não você. Gargalhada do outro lado. E foi dele o primeiro e emocionado autógrafo. Recebi dois amigos de ginásio, também dois grandes amigos, que raramente saem à noite, muito me honraram. Pacientes, casais de amigos, vizinhos, amigas não esperadas. Por que não colocar nomes na crônica? Graças aos céus a lista seria grande, algum nome poderia escapar e aí morava o perigo. Começou às 18h30 e terminou às 22h30. Morrendo de fome, que não sou de salgadinhos, elogiados, fomos comemorar a noite no Restaurante Degrau. Dona MH, filha, filho, nora/filha e autografador. Eis que em mesa de quatro, uma Senhora vem na direção de nossa mesa, pega na mão de Dona MH e lhe canta nostálgica e antiga canção. “Tão longe de mim distante, onde irá, onde irá, teu pensamento” (canção “Quem sabe?” de Carlos Gomes). Vai até o fim da canção. Os três, que a acompanhavam na mesa, vêm à nossa e o homem pede desculpas, que a cantora, que se fora, tinha bebido um pouco demais. Em uníssono avisamos que não havia motivo para desculpas. Então o Degrau parou. Em retribuição o trio nos bridou com lindo e harmonioso canto. Cantaram em igreja perto e vieram jantar, explicou. O Maestro cantava e regia as vozes femininas. Primeiro Mozart. Depois, muito linda, de arrepiar, “Because” (Lennon/McCartney). Em momento único, tão único que nenhum de nós pensou em gravar. Estávamos estarrecidos, perplexos e encantados. Lindo, palmas e os três artistas se foram. Nesta noite na casa da filha Dona MH cai e está seis semanas de molho, para consolidar pequena fratura no cimento da prótese.

Obs. O filho é do ramo musical e reconheceu o Maestro Ricardo Magno. Quando o produtor musical dos Beatles, George Martin, esteve entre nós, o referido maestro fora muito aplaudido, ao executar com coral “Because”. Não acredito que a execução tenha sido tão emocionante, quando foi a no Degrau. Aos três artistas muito obrigado pela arte.



Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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