16/11/2019
Ano 22- Número 1.149


 

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PEDRO FRANCO

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PersistênciA

Pedro Franco - CooJornal

Um dos poucos ídolos que me sobraram, a atriz Fernanda Montenegro, em suas memórias dá ênfase à persistência. Inteiramente de acordo e até pode parecer fácil persistir, quando para trilhar o caminho do bem, vivendo entre tantos descaminhos, há que ter tutano e boa estrutura ética e moral. Para chegar à conclusão óbvia, em relação à atualidade, vale insistir que é complicado persistir na intenção do bem geral. Em absoluta contra partida persistir nos descaminhos deve ser fácil e basta olhar o jornal do dia. E percebo uma notória tendência, até da mídia, em propagandear as vantagens de chegar ao dinheiro fácil, ainda que muitos, que conseguiram, estejam nas cadeias e outros lutando por derrubar quem os pretenda dificultar nos seus malfeitos, ou corrupções. Quanta água rola pela ponte neste sentido! Por favor, não ponham carapuças, que estou em generalidades, já que não tenho mais idade para enfrentar os tais direitos preconceituosos, tipo censura de tudo que não estiver na cartilha do bom menino. Continuo no genérico. Formou-se na profissão. Seus pendores eram patrióticos, suas intenções puras, fez o juramento da profissão, escrito ou não e então caiu na real. E havia reais, se mudasse um pouco suas diretrizes iniciais. Mudou aqui, acedeu ali, conseguiu comprar muito que o mercado anunciava, vendeu-se um pouco, depois muito e que não ficasse fazendo auto julgamentos mofados e incompatíveis com a época e com a modernidade. E que não parasse muito tempo no espelho julgador, que há em todos nós, ou em quase todos. Como alguns podem se olhar no agora? E, sem citar vários vultos de realce na vida pública, posso arguir, oh meu, como se sente, sendo o que é? Não me venha com argumentos sem peso e profundidade ética, ou moral, para explicar o que de fato faz e fez. Como olhar filhos (as), netas (os), ou a posteridade? Que é do (a) jovem promissor (a) e cheio de propósitos honestos? O gato comeu? E virão arrazoados, instâncias, protelações, efeitos suspensivos, legalismos exagerados e supérfluos, tudo indo de encontro aos desígnios protelatórios. Estou me cingindo aos da Justiça? Nunca, o mal está espalhado, é endêmico e quanto mais alto na pirâmide social, profissional, mais difícil é persistir na pureza. Muitos se cobrem com o véu diáfano da hipocrisia, que muitos dizem que serve para o vício prestar homenagem à virtude. Pobre virtude então. Vejo mesmo, em declarações públicas, que o gajo de fato perdeu seus antigos parâmetros e como é ladino, ataca com unhas, dentes e rasteiras, os que lhe fazem lembrar-se do que foi e por que pensou porfiar. O poder é afrodisíaco, costumo ouvir e concebo que lamentavelmente seja. E o leitor pode pensar, será que manteve os seus? Tentei, tentei, se consegui totalmente, não dá para saber, já que auto julgamentos são notoriamente complicados e complexos, disse linhas acima. E perfeições não existem. E como olha filhos e netos? Tranquilo, nos olhos. E o leitor, rasga a crônica e vai saber como anda a bolsa de valores? Espero que não esteja caindo, ainda que se a bolsa sobe, perspectivas melhores podem florescer. Estou absolutamente convicto que não basta a bolsa subir, para que floresçam esperanças, cultura e menos fome. Fernanda Montenegro, obrigado por persistir.

Obs. Escrevi livro com peças teatrais, foi premiado (UBE-RJ) e seria homenagem à atriz enviar-lhe exemplar, apenas para saudar quem persistiu e de forma brilhante. Não consegui, ainda que nada pedisse, nada almejasse, exceto expressar meu agradecimento. E não soube de um endereço, para que o livro lhe chegasse às mãos. Que fazer?



Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.



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