01/05/2019
Ano 22- Número 1.123

 

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PEDRO FRANCO

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A grande necessidade de ser político

Pedro Franco - CooJornal

Quando era bem mais novo, perguntaram-me quais as profissões mais importantes. Com a irreflexão da tenra idade, na lata disse, trabalhar em leprosário, ou ser político. Por incrível que pareça, apesar dos desencalhes Brasil, continuo pensando da mesma forma, ainda que julgue outras profissões difíceis, lixeiro, professora de primário (homenagem à Dona Iracema Campos, minha professora pública por cinco ótimos anos), enfermeira de hospital pobre e a lista pode ser enorme, pois há muita gente importante labutando. Duas perguntas passarão pela cuca do gentil leitor. Exaltar a carreira política? Será que este escriba não tem consciência do lamentável conceito que gozam os eleitos pelo povo? Abrindo jornais diários, ou ouvindo a CBN, sei de as quantas andamos e também que vários políticos e de maneira justa vêm o sol nascer quadrado, friso e com total justiça. E a fila é enorme e poucos merecem ter passaportes ainda. E então na sua torta visão, bastaria não ter violações a pagar, isto é, ser honesto para ser bom político. A honradez é fundamental, principalmente de propósitos. Muito se era, querendo acertar e na vida de cada um vamos entrar passes errados, quando a intenção, baseada até no amor, era benéfica e deu errado. Portanto político honesto, desde que angarie cultura, pode errar, pois é impotente às certezas futuras. Apostou no fulano e o fulano deu no que deu. Carapuças ao vento. Conto fato antigo e de difícil comprovação. Em priscas eras a UDN (União Democrática Nacional – o preço da liberdade é a eterna vigilância) teve elementos de escol e um exemplo era o que conseguiu ser Governador de Minas Gerais, Milton Campos e em tempos getulistas. Outro companheiro de idéias e ideais, Adaucto Lúcio Cardoso, com a amizade que os unia, após muitas lutas perdidas, confidencia-lhe. Milton muito cuidado, você agora vai ter que lidar com bajuladores e eles são perigosos. Além das qualidades morais Milton Campos não perdera a graça da vida, que é achar graça. Telegrama dele para Adaucto meses depois. Prezado Adaucto: Eles estão chegando. Pior, estou gostando. Então ser politico em meio a tanta lamaceira, ainda permite ter verve. Tirando a lenda fora e não tenho certeza de que houve a resposta do governador mineiro, acredito ser ainda mais difícil em época capitalista ser político profícuo. Então deixa em entrelinhas a ideia anticapitalista. Vejam o insucesso para o povo, para os pobres, das que não aceitaram o capitalismo democrático e vegetam em semi-ditaduras, ou ditaduras. Só que fica mais difícil ser político, convivendo com os “lobbies”, os partidários, os toma lá, dá cá e tudo o mais, que deu na lava-jato e adjacências. E se busquei exemplo no passado, vou a fato de abril de 2019 e escrevo no dia oito deste mês. Vai Ministro à determinada comissão da Câmara dos Deputados, explicar-lhes a necessidade urgente de modificar a Previdência e urgentemente, ainda que seja injusta para alguns, é necessária, absolutamente necessária ao País. Há Oposição, que precisa tumultuar e se lixa para as necessidades do povo. E o Ministro Paulo Guedes mostra que tem cultura econômica, acredito piamente que se envolva com a melhor das intenções, só que, neste episódio ao menos, mostra que não está gabaritado como ser político. Deputado da Oposição, que precisa tumultuar, chama-lhe de Tchutchuca. E recebe do Ministro resposta absolutamente desastrada. Tchutchuca é a mãe. Incrível alguns correligionários bateram palmas à resposta. Se o Ministro fosse um político e com a formação própria ao cargo, teria tido a oportunidade de chamar o verberante deputado à ordem e a atenção do País para a forma pela qual se conduzia a Oposição. Teria lavrado um tento, se seguisse o caminho político aconselhável. Já tivemos nos últimos quarenta anos presidente que tinha cultura, honestidade e teria deixado campos mais férteis, não fora a soberba. Foi tremenda pena para o Brasil esta faceta pessoal. Enfim é difícil encontrar indivíduo com acervo moral e intelectual para ser político produtivo. Cada político tem que pensar que sua missão é incomensuravelmente maior que ele. É difícil encontrar indivíduo com acervo moral e intelectual para ser político produtivo. Cada político tem que pensar que sua missão é incomensuravelmente maior que ele. Sendo assim, para cada patriota ter políticos de grandes e sadios propósitos a votar, se torna difícil.

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pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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