16/04/2019
Ano 22- Número 1.121

 

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PEDRO FRANCO

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Pagando Lembrança

Pedro Franco - CooJornal


Os meus dezessete leitores, que herdei do Agamenon, que publicava em O Globo dominical, sabem que gosto de música, ainda que seja cantor frustrado. E tenho aqui, Rio Total, e ali, por onde minha escrita chega e até já chegou onde não esperava, falado em música, em especial sobre a música popular brasileira, que não deve ser confundida com a música pr'a pular brasileira (piadinha chocha). E citei e ensaiei sobre compositores, cantores, cantoras e destacando letristas, categoria em que o Brasil pode se gabar de ser da pesada. Não vou repetir todos, a quem me referi, bastando exemplificar com Chico, Tom, Brant, Orestes, Faraj, Vinicius, Mesquita e por ai vai. Do outro lado João Gilberto, Dick Farney, Cauby, Orlando Silva, na primeira fase, Milton Nascimento e a lista seria de encher páginas. De rosa, para ser oportuno, cito Elis, Elizeth, Gal e muitas e muitas vozes femininas também apareceriam e quem for ver o que escrevi, aqui na RT, há crônica sobre a Calcanhoto. E não preciso pagar para todos os que não mencionei, porque estavam inclusos implicitamente. E hoje víamos um musical antigo, no qual apareciam Mestre Tom Jobim e Roberto Carlos em “Lígia”, música do Maestro. E não estou sozinho no pouco que certa parte da “inteligenzia”, às vezes sinistra, colocou o autor, parceiro muitas vezes de Erasmo Carlos. O brasileiro, como cantor, foi o vencedor até do Festival de San Remo. Havia bronca de não se meter em política partidária, sendo seus desígnios mais virados para depósitos bancários, como se dissesse, estou mais preocupado com minha arte, subsistência e meus carros e iates, que com algo que não entendo e onde só ouço discordâncias. Quando um poeta letrista vai de política, ou não vai e o julgador não é daquela linha, caem de pau no letrista. Também aqui na Rio Total e Mestre Irene Serra coloca todas as do cronista em arquivo alcançável (algum de nós já pensou em agradecer-lhe o mimo?), há crônica intitulada Em defesa do Chico, podendo ser contestado o título, só que versa também sobre a belíssima obra poética do Buarque de Hollanda. Também no meu acervo, no campo musical, há menções à Trupe Limousine, grupo de rock de que me arvoro patrono. Volto ao tema básico, Roberto Carlos. E vieram críticas, seriam músicas de bordel algumas do autor. Separando joio do trigo e que autor depois de muito tempo não tem joio, para a dupla RC e EC mais de 50 anos de carreira, há muita coisa boa composta, romântica, lírica e bem cantada por RC. Muito bem cantada. Erasmo tem estilo próprio e também continua dando o recado correto, mais voltado para o rock. Destaco as de autoria da recém, que pena, falecida Isolda, cantadas pelo capixaba. Música brega também acusam RC. Sim, tem algo brega, como o amor o tem também e se fosse só a do cachorro que latiu sorrindo, já era espetacular. E não se pode deixar de falar na penetração das músicas de Roberto, bastando citar que o zagueiro Odvan (classificação de um expert), que chegou à seleção, teve seu nome extraído pela mãe da letra de “O divã”. Legal! Não vou citar mais e nos tempos cibernéticos basta colocar nos googles da vida Roberto Carlos e vem muita coisa boa de ouvir. Vou além, tirando antolhos, ótimas músicas, idem interpretações. Não acha? Que tal uma revisão imparcial? Não vale citar que fulana é cafona e adora Roberto, vai até na picaretagem de navio, ou acusar que o cara é chegado numa grana. Vale ler o que Georges Simenon falou do poder e a arte, em relação à ocupação alemã de Paris e seus livros. Que tal ouvir as músicas da dupla, depois de fazer separações. Conto uma. Não sou muito de música e religião. Até que o Papa veio ao Rio e o povo cantou o “Jesus Cristo eu estou aqui”. Foi de arrepiar ver o povão todo cantando e contritamente cantando. Que euforia deve ter sentido o poeta. Paguei, julgo, lembrança esquecida. OK Roberto e Erasmo Carlos!



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Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.



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