01/03/2019
Ano 22- Número 1.115

 

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PEDRO FRANCO

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DETURPAÇÕES

Pedro Franco - CooJornal



Quase tudo que um homem inventa, outro consegue deturpar. Se acham que a conclusão é acaciana, cito-a porque a julgo nefasta e o invento não nasceu para tal finalidade. Antes de falar em dedinhos cibernéticos pressurosos, vamos citar “en passant”, algumas invenções que foram deturpadas. Santos Dumont nunca imaginou que “seus” aviões carregassem bombas e até atômicas; nem Ford pensou que tanques de guerra viessem dos automóveis. Certos sistemas políticos, no papel, são ótimos, só que quando foram implantados, políticos e não políticos conseguiram impregnar e destruir ideais puros com tremendas vantagens pessoais, nepotismos, demagogias, malfeitos, corrupções, apadrinhamentos espúrios etc e a vaquinha modo de governo vai ao brejo. Vale lembrar o conceito de Churchill sobre Democracia. Deixei apenas exemplos gritantes e quase tudo pode ser piorado por usos indevidos. E chego ao celular, foco de nosso monólogo, que sempre pretende levar a diálogos, mesmo se não for com o cronista. Vai ser contra o celular? Vou e não vou. Por que a Democracia parece ser um meio de governo menos nefasto? Porque há órgãos de controle, externos aos governos, novas votações e até impeachments. Enfim há o Judiciário e também há e, às vezes não há, o Legislativo. Basta abrir livro da História do Brasil recente e ver que nem sempre os poderes cumprem finalidades básicas. E celulares, telefones móveis, são espetaculares e vale ver como prestam serviços. Antigos viventes puderam aquilatar o avanço que ocorreu com os mesmos, apesar de celulares chamarem ladrões de toda a espécie. Hoje celulares são minicomputadores e seria chover no molhado enaltecer funções, ainda que por meio deles muito malfeito também ocorre. Volto aos celulares e em salas de aula. Sou professor aposentado e, quando na ativa, parece que dava meu recado de forma aproveitável, ainda que sem ser o rei da cocada preta. Colegas, ainda trabalhando, rindo, avisam. Queria ver você dar aula agora. É, eu gostava de dar aula e, mesmo aposentado, durante doze anos, trabalhei sem qualquer vantagem pecuniária, dando aulas de Cardiologia e Eletrocardiografia na Clínica Médica C, da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO, no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle e posso assegurar que com salas cheias. E por que me fazem a afirmação agora? Dizem os colegas que alunos, mesmo universitários, não desligam celulares e o tumulto é geral. Como vou ficar sem me comunicar com os meus, se desligo o celular? Tola pergunta. A conversa de dedinhos espertos tumultua até aulas do primário, contam-me clientes professoras e algumas estão jogando toalhas na lona, porque o respeito se foi e passar conhecimentos fica sendo utopia. Esta é mais uma engenhoca que precisa ter seu uso regrado e em qualquer lugar. A palavra aos atuais educadores e principalmente pais responsáveis.



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pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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