16/02/2019
Ano 22- Número 1.113

 

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PEDRO FRANCO

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Apenas frases

Pedro Franco - CooJornal



Talvez estes pensamentos já tenham sido pensados e até escritos, só que não os li.

Quando quiser passar planos elaborados para a patuleia, pense como se enche com jato d'água xícara pequena. Não adianta pôr o líquido com jato forte. Nada fica. As grandes ideias devem se passadas lentamente, em capítulos. Tipo lavagem cerebral crônica.

Se no amor a dois houver afinidades e respeito, bom caminho já se tem andado. O resto depende de acidentes imponderáveis.

Gratidão recente dá mais presentes que depois de passado longo tempo do ato que mereceu gratidão.

Todos pensam muito nas suas possibilidades, quando deviam aferir também e valorizar suas limitações.

Será que em política de sucesso se consegue continuar sendo cavalheiro sem medos, ou máculas?

Ser acusado de não ter jogo de cintura, pode ser visto por dois ângulos. Falta adaptabilidade ao ambiente, mesmo se for sadio. Já ter, é dar vaza ao promovendo favores, é que se chega às propinas. Outra maquiagem do mesmo assunto diz, não há almoço gratuito.

Velhos, cuidado com o humor. Se for elaborado, podem pensar que já está dando capim à bicicleta.

Amizades que se desfazem por perspectivas políticas, talvez não fossem amizades, apenas conhecimentos.

Mudar de estudo em profissão é tão válido quanto largá-la ao chegar o tempo de aposentadoria. Ruim foi aturar trabalho indesejável por anos e anos.

Só por exceção belíssimas têm vida feliz. Mesmo no tempo em que todos os espelhos lhe são favoráveis. Muitas vezes a própria beleza lhes dá o privilégio do dedo podre.

Brigar com a idade não adianta. Nada, nada de guerra. Guerrilhas podem ser bem-vindas, desde que ocorram muitas tocaias e sutilezas.

Vida sexual tem particularidades estranhas. Uma delas, quanto menos sexo se tem, mais se pensa nele.

Há os que sempre conseguem ficar em cima do muro. E com tal perícia que posam com os vencedores.

Os que temem a morte em excesso ficam tão ligados nela, que nem gozam a vida.

Se em vida a dois perceber que estão discutindo para marcar campo, ouça “Discussão” (Jobim- N. Mendonça), cantada por João Gilberto. Linda e incrivelmente didática.

A futilidade me parece vidro fumê, bem escuro, que impede até a visão das belezas da vida.

Mulher e anel de brilhante. Por que a joia vem em estojo especial? Para o encantamento ser maior e o aquinhoado ter o prazer de abrir o estojo.

Tolos seguem sem restrições as modas. Os menos tolos fazem as modas. Os espertos não estão aí para modas e modismos.

Quem vive com excessos de higiene, sempre procurando matar micróbios, não costuma ser bem chegado às delícias de alcova.

Os que se apegam às rotinas, acabam sendo consumidos por elas.

Danam-se os profissionais ligados à área da saúde mental, quando culpas são apontadas. Está bem, não há culpados. E as vítimas?

Teóricos em excesso caminham para fracassos. Idem os apenas práticos. Que tal se darem as mãos e ver o que sobra?

Você é de direita ou esquerda? Resposta cabível, sou ambidestro.

Livro policial com verdadeiro humor só conseguiu o italiano Andrea Camilleri. Entre nós as tentativas e até por escritores inteligentes redundaram em obras de qualidade inferior. Então recomendo os livros de Andrea Camilleri, quando atua o Inspetor Salvo Montalbano.

Favores rotineiros viram atos obrigatórios na visão dos favorecidos.

A vida poderia ir bem melhor, quando se pede apenas paciência.



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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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