16/01/2019
Ano 22- Número 1.109

 

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PEDRO FRANCO

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Sempre, infelizmente, houve “fakes”

Pedro Franco - CooJornal

Ainda que não se chamassem fakes news, ocorriam e eram chamadas mesmo de mentiras. E vinham de ventos opostos, da direita, da esquerda e sempre visando denegrir quem pensasse diferente e, principalmente, se tivesse mais possibilidades eleitorais. Conto caso ocorrido na faculdade e com amigo, dito de direita. E, convivendo com ele, nem sei se era de direita, ou esquerda, já que se mostrava bastante liberto e esclarecido para se amarrar em corrente ideológica. Nunca aceitou em política uma vez Flamengo, sempre Flamengo. E, como não era de esquerda, colocaram-no na direita. E ele continuou liberto e agindo de acordo com sua veneta, procurando não ter antolhos. Engraçado é que foi secretário do diretório acadêmico durante anos e não repetia períodos, pois, era estudioso. Pasmem, tinha até um arremedo de editora com dois colegas de esquerda. Estes dois muito discutiam com ele, só que muitas vezes o apoiaram no diretório e a chapa dele vencia sempre. E o amigo se forma, sendo casado, já tendo filha e um varão por vir. Até o último ano de Escola de Medicina e Cirurgia, hoje da UNI-RIO, agiu no Diretório. Por votação foi o orador da turma. Contava sobre esta oratória que, quando abriram as cortinas do Teatro Municipal e viu aquele povão todo e em vários andares, teve vontade de fugir e pensou, para que me meti nisto. Vida que segue, formado, empreguinho dos tempos de estudante na CEF, fusquinha caindo pelas tabelas e estacionava nos terrenos da escola, que deixava ex-alunos pouparem os trocados de estacionamentos. E eis que encontra um dos líderes da esquerda, que ainda não se formara. Não era nenhum dos sócios na Editora, empresa que após dois livros publicados, dele e de um dos sócios, deixou de existir. E este ex-colega, encontrado ao estacionar, que era também de boa cepa, pergunta. Como é, o mesmo fusquinha velho, o terninho batido, eles não lhe arranjaram nada? Conta o amigo que teve vontade de sair no palavrão, só que escolado pelas lides no diretório, onde diz que aprendeu muito, convidou o perguntador para um café no boteco da esquina. Quem são eles? Você sabe. Palavra que não sei, posto que nunca fiz nada por qualquer eles. Ora, você era subvencionado pela embaixada. Vontade de novo de ir ao palavrão, onde constaria a progenitora do outro. Ao invés disto perguntou. Você se lembra de que andou preso e eu pelo Diretório procurei tirá-lo da cadeia, cadeia indevida? Lembro, estranhei sua interferência e até lhe agradeci. Sabe por que me mexi junto à Diretoria da Escola? E continuou. Porque tenho admiração por você, julgo-o idealista ainda que não concorde com suas ideias. Seu pai fez a reforma agrária na própria fazenda, que, sei, não deu certo, por fatos que não vêm ao caso. Eu admiro vocês pelo idealismo e você, vocês, tacam pecha de venal, a quem lhes faz oposição. Você nunca foi à embaixada? Não, trabalhando e estudando e ainda brincando no diretório, nunca fui nem a biblioteca da embaixada, que você uma vez me disse que frequentava e era ótima. Enfim não tirei nenhum proveito financeiro das minhas ideias e ações. Acabaram amigos e enquanto o outro esteve no Rio, os encontros foram prazerosos, um sempre numa boa gozando o outro face às ideias políticas. A fake é que meu amigo era comprado pela embaixada. E indo à História pátria, o Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato ante Getúlio Vargas, ia bem de possíveis votos até que apareceu “fake” e não havia naquela época meio de contra atacar mentira, que pregava que Eduardo Gomes chamava os trabalhadores depreciativamente de marmiteiros. E o Brigadeiro perdeu a eleição e historiadores afirmam que a “fake” teve influência naquela votação. E só cita fases contra os da direita? Por acaso, pois acima afirmei que o jogo ruim é de lá para cá e de cá para lá. Então as mentiras são velhas, ainda que com rótulo novo. E os dossiês falsos, que tentavam mudar votos! Eram caríssimos e alguns feito com deletério esmero. Lembram-se do que foi cristianizar um político? Explicação, o político Cristiano Machado foi lançado e depois traído pelo próprio partido e virou verbo. E como se cristianiza candidatos em golpes não recomendáveis até hoje! Tive livro de francês, que começava com frase, que traduzo, sem querer me arriscar no original. “Mentiroso, nenhuma piedade para você.” Concordo. E como se mente em política, mais até que na vida fora dela. Infelizmente.



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Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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