16/11/2018
Ano 22- Número 1.101


 

ARQUIVO
PEDRO FRANCO

Venha nos
visitar no Facebook


 


 

 

 


Amizade e literatura

Pedro Franco - CooJornal


(“Se non è vero ... è ben trovato.”)

Uma das principais capacidades do importante sentimento amizade é absorver risos, ou lágrimas dos amigos e até decepções. No caso presente absorvi decepção do amigo e porque não quero deixá-lo em saia justa, não vou dar qualquer nome. Até porque digito esta história sem a anuência dele e na certeza que nossa amizade, que é de longa data, quando nenhum de nós tinha barriga, orelhas crescidas e pouco cabelo, permite minha intromissão. Então mesmo idosos nossa longa amizade admite conversar muito, ou ficarmos calados, sem qualquer constrangimento e mesmo meter colher torta em acontecimento literário do outro pode. Somos até também compadres e bilateralmente. Apresentações feitas vale dizer que temos “hobby”, desculpe o anglicanismo, só que não vejo na última flor do Lácio sinônimo perfeito e voltemos ao “hobby”, semelhante. E competimos sem competir nos concursos literários. Explico, vamos ao mesmo concurso literário e se apenas um vence não há problema, ou choradeira. Um dado que vale logo destacar, sendo fundamental, é que o amigo não é chorão. Ganha e perde até com mais fair-play que eu. Então nestes anos todos nunca o vi reclamar de resultado de concurso. Às vezes reclamo e ele não. Então não é chorão. Frequentamos a mesma entidade literária, das mais conceituadas do País, muito bem dirigida por anos e anos. Faz concurso anual. Livros inéditos em um ano, livros publicados em outro. E em livros inéditos tem tradição, que julgo salutar. A diretora de concurso recebe os livros inéditos sob pseudônimo, leva-os a determinado corpo docente de faculdade importante e no setor voltado à Literatura. Então os livros são julgados pelo mérito e sem que os júris saibam quem é o autor. Voltam as obras ao sodalício, bonito termo e então vai se ver que autor usou aquele pseudônimo, enviado em carta até então lacrada. Oxalá todas as academias literárias tivessem estes cuidados absolutamente honestos, morais e éticos. Vale também acrescentar que o contado a seguir não deixa que o amigo, ou eu, tenha qualquer ideia de desonestidade, ou igrejinha. Ocorreram os fatos a seguir por acasos desagradáveis. Aos fatos. Em ano anterior em determinada categoria pela vez primeira e em todos os tempos um autor, no caso o amigo, tirou primeiro e segundo lugares em determinada categoria, logicamente com obras e pseudônimos diferentes. Em esforço financeiro pega as obras premiadas e as funde em um único livro, que então sob seu verdadeiro nome concorre no ano seguinte ao concurso internacional. Tudo de acordo com o edital do concurso. O amigo tira um segundo lugar com livro de outra categoria e na que esperava prêmio, por ter agora obra que englobava duas obras premiadas no ano anterior, quando inéditas e pela mesma academia, nada aufere. Há um problema pregresso no envio da obra, que lhe volta às mãos, porque no endereço determinado no momento da entrega pelos Correios, não havia um porteiro a receber. Acertado novo envio, o amigo manda o livro e com fundadas esperanças de novo prêmio, já que o livro mostrava duas obras premiadas, em primeiro e segundo lugares, pela entidade e no ano anterior. Vem o resultado e o livro não está entre os premiados e eram três lugares, primeiro, segundo e terceiro e mais menções honrosas. Será que meu livro concorreu? Foi feita pergunta à direção e a direção, sempre ativa e atenciosa, indaga de quem coordenou o concurso, se o livro de fulano concorreu. Vem resposta e aviso que o referido livro concorreu e aduzia: “Mas a Comissão foi bastante criteriosa e escolheu os que superavam qualquer expectativa de qualidade”. Quem escreveu é pessoa acima de qualquer suspeita e de alto nível literário, intelectual e moral. E não fazia parte dos três que julgaram aquela categoria. Assim, deve ter conversado com um dos três julgadores, para dar o parecer acima. Conclusão. Dois livros inéditos, que tiraram no ano anterior primeiro e segundo lugares naquela categoria, quando passaram para livro publicado na mesma categoria, recebeu o julgamento de sem qualidade. Meu amigo, está contado o motivo de sua decepção. Mesmo que não fosse seu amigo, estaria solidário literariamente com sua decepção. Vida literária que segue. ” 



–––––––––––––––––––––––––––––––

Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco



Direitos reservados. É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor.