01/11/2018
Ano 22- Número 1.099


 

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PEDRO FRANCO

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Dois mil e dezoito

Pedro Franco - CooJornal


Foi o ano em que fizemos bodas de diamante. Fiquei muito feliz e comemoramos, ela, eu, filhos e netos e me danei com a denominação das bodas. Tanto perjúrio já passou pelo ouro e agora até por diamantes. As valiosas pedras serviram até para guardar os frutos de corrupções. Só que se 2018 ano foi importante para nós, que se dirá para o País? Eta Brasil do tudo e nada! Tudo de ruim e tudo de bom, ou nada de bom e nada de ruim não existem. E na balança dos tempos que sobra para brasileiras e brasileiros em 2018? Um exemplo negativo nesta segunda quinzena de junho, em plena época das ex-festas juninas, pois, alguns dão mais valor ao halloween, faz indagar. cadê as ruas pintadas e os jovens pintando e bordando em homenagem à Copa do Mundo, nas noites/madrugadas da vida carioca? Cadê? Os jovens estão em suas residências, cibernéticos, mais preocupados com a violência e muitos pensando em bater asas, que decorar ruas e vibrar com a copa. Jovens querendo emigrar, que tristeza, quando são os que podiam auxiliar a soerguer o País. No impeachment da Presidente, vi deputado baiano dizer com belo sotaque, que tudo ocorre por causa da sobérba (copy desk, por favor, deixe o sobérba com acento, para dar vida ao dito) de todos. Então algo de útil foi dito na câmara, só que é muito pouco, já que de muitos malfeitos as câmaras estão plenas e alguns representantes do povo são despudorados em suas falas eleitoreiras. Então neste 2018 nada aconteceu de amável? Sonhamos e o Brasil cresce às bênçãos da Estrela Dalva. Também certas justiças, que não eram alcançáveis, foram. Muita gente e com total merecimento está vendo o sol nascer quadrado e de há muito não se tinha esta esperança. A inflação diminuiu, aleluia, os empreendimentos deixaram de cair e, se não atrapalharem muito, vão aumentar o número de empregos, a miséria vai diminuir e muitas medidas eleitoreiras vão parar no brejo da sapiência popular. Então se pode confiar na sabedoria popular, já que vem eleição aí? Não, não há esta sabedoria e é fácil engambelar a patuleia. É arauto da derrocada? Não e vou recorrer a sábio e luso escritor, que apregoava sobre Portugal. “O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!”. O texto é de 1871, há 147 anos, escrito por Eça de Queiroz, no primeiro número de “As Farpas” e se adapta incrivelmente à nossa atualidade. Portugal, “jardim da Europa à beira mar plantado”, está aí firme, forte e muitos patrícios para lá emigram. Esperanças, pois, então para nós. E por ato da misericórdia divina o Brasil começou a sobreviver em 2018. Como? A História contará. Enquanto “a vitória demora, mas vem”, oremos com patriótico fervor.
 



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pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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