01/10/2018
Ano 22- Número 1.095


 

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PEDRO FRANCO

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Propaganda e no fim uma de livro

Pedro Franco - CooJornal


Hábitos mudam e como! Quando a música “Maria” de Ari Barroso foi usada em anúncio de Cilion, houve reclamação. Fato ocorrido de há muito e nem sei se houve permissão, ou vantagens financeiras, só me lembro das reclamações. Era “Maria o teu nome principia na palma da minha mão e cabe bem direitinho dentro do meu coração. E no jingle “Vejo logo maravilha que tu usas Cilion, Maria”, música e depois locutor completava, para a beleza dos cílios, Cilion. Nem sei se existe ainda Cilion, que foi marco na propaganda. Outro anúncio e muito manjado foi do Rhum Creosotado. E começou nos bondes. Ah os bondes, como eram poéticos! Quem se lembra do taioba? E em versos do poeta Bastos Tigre nos ventilados bondes: “Veja ilustre passageiro/ o belo tipo faceiro/ que o Senhor tem ao seu lado/ e, no entanto, acredite/ quase morreu de bronquite/ Salvou-o o Rhum Creosotado.” E se estranhava um poeta fazer versos para comercial. E como a propaganda cresceu e de todas as formas. E fiquei pasmo quando em análise de especialistas do ramo, foram mostrados anúncios, que aos olhos leigos eram sucessos e na apreciação dos “experts” (por que não digitou espertos? Porque não é a mesma coisa.), como veículo de venda, foram consideradas de baixo valor, pois não foi dada a ênfase necessária ao produto, que pagou o anúncio e que não estava interessado na literatura, ou na beleza ou inventividade da concepção do mesmo. Patrocinador tinha um desígnio único, chamar a atenção para o produto e aumentar, em função do apregoado, sua venda. E como apareceram propagandistas para veicular produtos, havendo até concursos posteriores e em várias partes do mundo, onde agências de propaganda são premiadas e seus gênios exaltados. Parêntese para contar fora pessoal e pensando que estava marcando gol. Dou-me muito bem com os representantes de laboratórios farmacêuticos que vão ao consultório, levando amostras e principalmente trabalhos científicos concernentes aos seus produtos. Já comemorei o trabalho destes jovens de ambos os sexos em crônica, publicada há muito tempo no Jornal da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Houve repercussão positiva do artigo no meio e até Presidente de importante laboratório agradeceu, ele que fora propagandista. E qual foi minha rata? Estes profissionais, que muito admiro, detestam ser chamados de propagandistas. São representantes de laboratórios e julgam um “caput diminutio” ganharem o apelido de propagandistas. Por escrito deslindei o equívoco, mudei de designação e continuamos voando em céu de brigadeiro, pois, enfatizo, louvo muito o trabalho que fazem e os serviços que prestam à saúde de todos. Falando sobre propaganda, estamos em setembro de 2018, em outubro eleições para vários cargos e não vai falar na propaganda eleitoral? Nos marqueteiros? Belas campanhas para pífios candidatos, na maioria das vezes. Elegem-se candidatos, marqueteiros, que inventaram engodos, em férias na Provence, ou trabalhando em terras bolivarianas e nós aqui sofrendo por culpa destes irresponsáveis, que nos induziram a votar mal. Para terminar esta e com dado que colhi em ótimo livro, “Navegação de Cabotagem” de Jorge Amado. Na página 10, o livro saiu, primeira edição, no ano da graça de 1992, Amado escrevia, enquanto Zélia Gattai, sua mulher, cantava o jingle de Lula, criado, diz o notável escritor, por Chico Buarque. Vale ver qual era o julgamento de Jorge Amado sobre o então candidato à Presidência. Se conseguirem o livro, ótimo livro, procurem logo a referida página e então esta crônica teve um bom fim. E propagandeou Navegação de Cabotagem, a verdade sem malandragem.



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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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