01/03/2018
Ano 21- Número 1.067


 

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PEDRO FRANCO

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E eis que de repente

Pedro Franco - CooJornal

Estoura-me na testa um palavrão. Vôlei feminino, Barueri versus Fluminense, 02/2018. Prefiro vôlei feminino ao masculino e não é só porque naquele se vê Jaqueline, Mari Paraíba, Lara, Dani Lins, Drussylla, Amanda, Rosa Maria, Paula Pequeno e outras beldades. No vôlei masculino quase não há rallies. Bombas e mais bombas e a bola cai. Vale dizer que quase todos preferem o futebol e o basquete masculinos e não por questão de sexo e sim pela dinâmica do jogo. Então prefiro o vôlei feminino pelas razões apontadas. E via o jogo do Fluminense versus o time treinado por um dos dois melhores treinadores de vôlei do mundo, brasileiros que são, José Roberto e Bernardinho. Pela forma de atuar junto às jogadoras prefiro o primeiro, ainda que já o tenha visto derrapar no palavreado com as moças. Bernardinho neste aspecto melhorou muito, ainda que raramente dê provas histriônicas, quando o jogo não corre como acha que devia. Só que gênios são gênios e os dois citados são excepcionais e deles há que se aceitar até extravagâncias verbais. Volto ao Fluminense. Meus sete leitores sabem que sou Fluminense, sempre fui e a ligação cresceu aos dezessete anos quando a seleção carioca juvenil de basquetebol, durante um mês, entrava no clube da Rua Álvaro Chaves às 8 horas e saía às 21 horas. Convidado pelo técnico da seleção de me transferir do Grajaú Tênis Clube para o Flu, meu pai achou que atrapalharia estudos e logo depois parei de jogar para trabalhar e estudar Medicina e não fui atleta do único clube brasileiro que tem a medalha olímpica. E, vou chorar lágrimas de esguicho, as do Nelson Rodrigues e pelo nosso Fluminense. Naquele tempo éramos campeões, apesar de termos “timinhos”. Eram timões e qualquer jogador queria vestir nosso manto tricolor, pois sabia que salários não atrasavam. Era clube organizado. Agora jogadores querem sair, porque os salários atrasam, outros se negam a vir, pelo mesmo e irrefutável motivo. Há jogador ganhando 500 mil reais por mês, quando não valeria pela idade e pouco futebol, cinquenta. Jogadores saem sem dar lucro, porque o clube não depositou o FGTS, uma anarquia. E não é só incompetência, havendo odor de maracutaia até em gestões anteriores. E o hino do clube, belo hino de Lamartine Babo, assevera que "fascina pela sua disciplina..." Paro o chororô e vou ao palavrão na testa, dito pelo técnico do Fluminense e veiculado pela Sportv 38. E o treineiro reclamava do juiz? Por três vezes nos pedidos de tempo reclamava das jogadoras e com o palavrão. Sou contra palavrão? Palavrão tem hora e oportunidade. Para topada é santo remédio, dito baixo, que outros nada têm com meus tropeços. Dirão que as jogadoras falam palavrões. Se for desta forma, aos ventos, lamento. Não as vejo agredindo telespectadores. Se o Fluminense, ainda fosse o Fluminense, um diretor avisaria "Moço, o senhor é técnico do Fluminense Futebol Clube. Aja como tal." Ou será que também no vôlei os salários atrasam? E o Fluminense politicamente imita o Brasil. Se o governo é ruim, oposições não animam, mesmo para os que não são anarquistas. Para esta crônica ter impacto, agora era hora de digitar o palavrão. Cabeludo, tonitruante, agressivo, ainda que muitos o usem como vírgulas. Fico devendo.  

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pdaf35@gmail.com



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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