01/02/2018
Ano 21- Número 1.063


 

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PEDRO FRANCO

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CASA E LAR

Pedro Franco - CooJornal

 
Casa, no sentido de construção, é mais lar que apartamento. Assim é, se lhe parece, de Luigi Pirandello, trocando o lhe pelo me. Os lares têm seu principal sustentáculo no amor, já deve ter dito o Conselheiro Acácio do Eça de Queiroz. Que casa não tem uma faca com a ponta estragada, pois foi feita de chave de fenda? Procura-se uma chave de fenda comum e se encontra uma Philips, que não serve àquele parafuso. Coisas de lares! Enquanto cada apartamento não se responsabilizar pela água que consome, a taxa de água do condomínio será maior, que seria a soma das águas individuais. Por que em maioria os porteiros torcem pelo Botafogo, ou são nordestinos? E sem preconceito contra qualquer dos dois. Cuido para não cair nos politicamente incorretos. Pena quando velhos deixam o lar e vão para asilos, mesmo quando estes têm nomes bonitos. Um lar completo deve ter velhos, adultos e crianças, fato que cada vez com o progresso fica mais difícil. Crianças costumam atrair mais simpatias que idosos. Em geral velhos são mais chatos que velhas, só que quando velha dá de ser chata... Procuremos todos dourar a pílula da velhice. Em casa que se ensine ao menos respeito aos professores e idosos. O que ouço de dedicadas mestres de agressões em salas de aula, é de chorar. Este é o principal problema dos Brasil. Daí vem o resto. Celulares ligados em salas de aula e nunca desligados, como pode? Lares devem ter ao menos dois mantenedores e todos ajudando e de todas as formas. Necessitam saber que é benesse das maiores ter um lar. Poltronas confortáveis são recomendáveis. Idem livros, música e chinelos aconchegantes para velhos. Cadeiras de balanço não devem sair de moda e que o uso de computadores seja regrado e para todos os conviventes. E nada de quartos invioláveis, como terras demarcadas para índios. Ainda que se deva bater e pedir licença, se a porta está fechada. Refeições em conjunto e nunca em pé. Almoço e jantar não são locais para discutirem os problemas azedos da família. Tarefas domésticas sempre divididas e com bom senso. Que ninguém se entoque em um canto sempre. Há que ter, ao menos quimericamente, um canto para se entocar em certos momentos e situações. Que velhos tenham paciência com jovens e vice-versa. Se há afeição, fica mais fácil. A felicidade é trabalhosa em todas as idades. Falou de novo o Conselheiro Acácio! Preconceitos atrapalham convivências e como é difícil não tê-los. Gostar de esportes aproximam gerações. Lares devem ter várias televisões em cômodos diferentes, se há bala para tal. Ah, quem consegue tirar a televisão da sala! De preferência não assistir jornais televisivos durante as refeições. Notícia ruim atrapalha digestão, idem discussões exacerbadas. Refrigerantes e alcoólicos devem ser raridades. Bolo de milho afina bem com café e lar. E que se comemorem muitas datas. Que lares tenham mais de um banheiro e se evite demoras excessivas nos mesmos. Natal deve ser época especial e com eflúvios futuros e pretéritos. Também dia das mães, vá lá, dia dos pais e sem esquecer aniversários. Presentear de acordo com o gosto do aniversariante. Nem é obrigatório cantar parabéns. Olhos nos olhos e falas não devem ser substituídos por letras dedilhadas, ainda que as possa haver. Enfim, lar doce lar. Nem quero escrever sobre os verdadeiros sem teto e na gerações de rua. É muita tristeza.

 

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(1º de fevereiro 2018)
CooJornal nº 1.063



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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