15/12/2017
Ano 201- Número 1.057


 

ARQUIVO
PEDRO FRANCO

Venha nos
visitar no Facebook


 


 

 




O agora Brasil, 2017

Pedro Franco - CooJornal

 

 
“Ninguém pretende que a Democracia seja perfeita, ou sem defeito. Tem-se dito que a Democracia é a pior forma de governo,
salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Winston Churchill.


Com este pensamento de político inglês começa a crônica. E já o usei várias vezes para esclarecer minha posição. Será que julgariam mais próprio começar com o Conde de Afonso Celso e o seu “Porque me ufano do meu País”, ou com o nordestino é antes que tudo um forte (a frase é de Euclides da Cunha, Sertões, só que escreveu, o sertanejo é. Será que pensam que sertanejo e nordestino são sinônimos?), ou com Assis Valente (música Brasil Pandeiro) e o “Está na hora desta gente bronzeada mostrar seu valor”? Na hora está. Será que a bronzeada está preparada para tal? Vão chover pedras, só que o nordestino foi preparado para ser engambelado e não para ser um forte. Pergunta que se impõe. Quem é seu ídolo político no momento. Infelizmente não o tenho e escrevendo assim, peço que em caso de dúvidas, voltem ao primeiro parágrafo. E não sou anarquista. Sou um velho médico, ex professor, que ainda clinica diariamente e por incrível que pareça tem graves preocupações com o País. Quais são suas sábias ponderações e sugestões para superar o momento atual? Com certeza nenhuma. Fiquei na balança, julgando se os brasileiros seriam salvos, com a mudança da estrutura dos lares, ou a das escolas. Nos lares há em maioria despreparados. Já os professores seriam do estado, que mais vai a lavagens cerebrais, quando busca doutrinar, em vez de educar. DIP do Getúlio, Moral e Cívica da “Redentora”, ou os longos discursos de Fidel em Cuba são exemplos marcantes. O que me contam professores de desrespeito em salas de aula, é de chorar. Como recuperar alunos, se os mesmos aparecem nas escolas destreinados, deseducados (penso em maiorias), pelas famílias. Qual dos poderes poderia cuidar da reconstrução do País? As notícias diárias mostram o que podemos esperar do Executivo e do Legislativo. É cada armação! Marqueteiros, dinheiros para campanhas e corrupções são fatos notórios. E pensam sempre nas medidas eleitoreiras. Nem é farinha pouca meu pirão primeiro. É atacar a farinha pouca dos outros, mesmo que os outros sejam pobres e os achacadores buscam para as burlas embasamentos legais. O Judiciário sofre de injunções políticas e até entre os doutos ocupantes do Supremo há discrepâncias e que chegam à Imprensa e com agressões até morais. O quarto poder, com raras exceções, ainda que às vezes açodadamente, cumpre suas funções e há ao menos aceitável transparência e liberdade de expressão. Aplausos ao jornalismo investigativo. Ainda bem e volto a pensar no parágrafo inicial de Churchill. A imprensa é perfeita? Perfeições não existem, só, que procurando, há muito joio bem intencionado. De outro lado vejo com tristeza muitos jovens desertando, emigrando, muitos definitivamente e não os culpo. E a melhora por intermédio das religiões? O estado, graças aos Céus, é laico e há políticos, religiosos, que quando assumem cargos executivos, se sua religião não gosta, por exemplo, de Carnaval, olha a festa popular, que até interessa às finanças do estado, com olhares transversos e criando dificuldades. E não me venham com os politicamente corretos, que me parecem querer achar chifre em caracóis, ao invés de cuidarem de formação, informação e educação do povo. E que fazer então no Brasil? Máquinas federais, estaduais e municipais inchadas, algumas servindo de cabides de empregos e o Legislativo tem que propor medidas tristes, injustas, só que absolutamente necessárias. Como conseguirá? Os povos vão bem pelo mundão? Não, vide a África e o Oriente Médio. Até os USA enfrentam o Trump! E então? Oremos, oremos muito. Fui apenas a um “jus sperniandi” (expressão jocosa, que nada tem com o Latim). Sou apenas um velho médico muito preocupado e que estoura, se não dividir aflições nesta amigável tribuna. E a fecho a crônica com antigo texto. “O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!” Por favor, copy desk, deixe os aparentes erros do texto acima, pois foi escrito em 1871, por Eça de Queiroz, no primeiro número de “As Farpas”. Parece mais atual do que nunca, não acham? E Portugal está ai firme, forte e muitos patrícios para lá emigram. De novo, oremos.

–––––––––––––––––––––––––––––––

Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com

(15 de dezembro 2017)
CooJornal nº 1.057



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco



Direitos reservados. É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor.