15/09/2017
Ano 20 - Número 1.045


 

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PEDRO FRANCO

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De ideia em ideia

Pedro Franco - CooJornal

 
“Não devemos ocultar / Nosso grande amor chegou ao fim / Nada sou agora ao teu olhar / Nada agora és para mim. / Mas não pode o nosso amor / Terminar de um modo tão banal / Terminemos, sim, mas por favor / Não troquemos de mal. / Não sei bem se voltarás / Se voltarei não sei também / Nosso amor é bem capaz / De nos fazer trocar de bem.” Letra do foxtrote “Não troquemos de mal”, H. Brito e J. Faraj. A letra cai bem esperta no foxtrote. Sim já houve compositores que iam ao foxtrote tupiniquim e foram bem. E uma curiosidade, se trocava de mal pelos idos de 1930/40. Meninas então com os mindinhos trocavam de mal. E namorados trocavam de mal. Trocamos de mal por um ano e meio, vendo-nos todos os dias. Brigou comigo e então troquei de mal. Há termos e costumes que têm modas e depois, ou somem, ou rareiam. Banal, usado acima, também já foi mais usado até porque rima com mal. E quão pouco se rima hoje em poesia. Era arte difícil, às vezes quebrava o espírito da poesia, só que obedecia aos cânones clássicos dos vates. Há de fato sonetos muito bonitos, ainda que raros, em relação ao contexto poético geral. E como é difícil encontrar bons declamadores! Vi um português ímpar no palco, João Villaret e no Brasil Júlia Lopes de Almeida. E como era chato criança exibida ser chamada a declamar nos serões familiares! Mariazinha recita muito bem! E se aplaudia Mariazinha com seu vestido de tafetá. Agora uma do Raimundo Correa, agora um soneto de Bilac. E o gaiato pensava, não vai declamar uma do Bocage? E muito dos jocosos versos debitados ao Bocage, não são dele, como muitas das crônicas do Arnaldo Jabor, que correm nos caminhos da internet, não são de sua autoria e ele até já foi agredido verbalmente por algo que não escreveu. E também aplaudido sem justa causa, porque o escrito não era dele. Houve um número maior de bons cronistas e O Globo que o diga. Quem colocar no domingo no lugar do João Ubaldo Ribeiro? Cadê Zecamunista de Itaparica? Gostava mais do cronista que do romancista baiano. Raramente os há ecléticos como Oscar Wilde, ótimo em vários gêneros literários, vide suas peças teatrais, sua poesia, contos (basta citar “O Rouxinol e a Rosa”), crônicas, romance, ainda que único, “O retrato de Dorian Gray” e sem falar nos pensamentos e paradoxos. Exemplo destes, “a madureza agradece à juventude o brilho da sua inexperiência”. Paradoxos e trocadilhos estão em desuso. Morava na Ilha do Governador e foi para Paquetá. Não é um trocadilho e sim troca de ilha. Emílio de Menezes publicou um Tratado de Versificação, pois precisava de numerário para tratar de sua saúde, para ver se fica são. De onde menos se espera, daí é que não vem nada mesmo. Barão de Itararé. Será que o dito do Barão cabe na classe política atual? Ou o Supremo nos salva? Também do Barão, “há algo no ar, além dos aviões de carreira”. Que não seja ditadura! Frasista bom também foi Nenem Prancha. Ou foi João Saldanha quem pôs pensamentos futebolísticos na boca do Prancha? Pênalti é tão importante, que devia ser batido pelo Presidente do Clube. Presidente, ou presidenta? Docente, ou docenta? Confrade já é quase palavrão, imagine confreira? Confreira, com sua exuberante verve, silicones e botox, és a glória deste Sodalício! Quem? Ninguém. Confrade, ou confrada? Vários clubes têm três cores, só o Fluminense é tricolor. Não gostou? Reclamações para Nelson Rodrigues. Assim é, se lhe parece. É de outro escritor, que já esteve mais em voga, Luigi Pirandello. Que parelha de beques, Pitigrilli e Pirandello.

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pdaf35@gmail.com

(15 de setembro 2017)
CooJornal nº 1.045



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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