15/03/2017
Ano 20 - Número 1.029


 

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PEDRO FRANCO

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ONZE ANOS DE JACUTINGAS

Pedro Franco - CooJornal

Foram elas que me firmaram aqui e há onze anos. Vendida a casa de Petrópolis, que filhos e naquela época os netos passaram a dar preferência a praias, em especial Búzios e Angra dos Reis, era a hora de vender o tugúrio da rua Monte Castelo, aquela rua que ladeia a Patrone. Vendida, vamos passar de Petrópolis para Itaipava, perto e de clima melhor. Pousada escolhida, mês de férias marcado e a filha quer conosco passar o Carnaval. Fomos agendar esta nova estadia e com o mesmo Senhor com quem tratara os trinta dias, quando para meu espanto ele me avisa, Foi bom até o Sr. vir, pois alugamos toda a pousada para um firma por três dias e nestes dias o Senhor tem que sair, para voltar depois. Logicamente que nem saí, porque nem entrei. Cancelamos nossa reserva e da filha e genro. É cada uma! E agora? Minha mulher vira pela internet outra pousada e gostara. Estrada das Arcas. Vamos lá. Ladeirinha, chegando ao platô e uma jacutinga me recebeu, arisca, só que foram boas vindas bem aceitas. E sempre jacutingas na Pousada Altenhaus, que de resto não é dona das jacutingas, que vivem na mata em volta. Houve anos de três, outro de quatro, pai, filhote, filhote, mãe em procissão, ano de um, ou uma, não sou entendido e nunca podemos chegar perto, que correm para o morro. Hoje, 24 de fevereiro, beira carnaval de 2017, acordo cedo e em uma das árvores do platô as quatro pousam. Os galhos da árvore vergam. Voam. Pensam que têm que voar, porque têm asas. Voam pesadas, desajeitadas, somem da minha visão. Lauto café e andar por quarenta minutos no gramado e na quadra de tênis, desocupada. Se oriento pacientes a andar, há que dar exemplo. E de novo os quatro prestigiaram minha caminhada, quando ando e penso e até “escrevo” contos e crônicas. E veio um mote, por ver jacutingas voarem. Parêntese, as aves são chamadas também de jacus. Tenho asas, devo voar. Conseguir me eleger, vou politicar e, desajeitadamente. Esquecem compromissos, abrem contas em paraísos fiscais e vão às corrupções e mal feitos e com desculpas variáveis. Achou a comparação ruim jacutinga político? Concordo. Então voltemos às jacutingas, valendo dizer que do mato ameno nos envoltas, onde pontificam verdes variados, amarelos ipês e fedegosos e roxos quaresmeiras vemos micos, esquilos e em um ano vimos a noite uma raposinha, além de passarinhos e maritacas. Onze anos no mesmo lugar, ouço muito. Fujo do calor, preciso descansar para continuar a luta de consultório, somos muito bem tratados, é menos quente, lugar e pessoas encantadoras. E há as amigas jacutinagas. Oxalá em crônica daqui a dez anos, os meus sete abnegados leitores (o grande Agamenon, de saudosa dominical memória, no O Globo, tinha dezessete leitores), saibam que ainda saúdo jacutingas.
 
 


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(01 de março, 2017)
CooJornal nº 1.019


Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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