15/08/2016
Ano 20 - Número 996


 

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PEDRO FRANCO

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TEMPOS DE OLIMPÍADAS

Pedro Franco - CooJornal



Tempos de Olimpíadas Rio, agosto de 2016, dia 4. À tarde Brasil versus África do Sul. Ontem as meninas do futebol venceram as chinesas por 3 a zero. Viva Marta, Formiga e todas as que jogaram. Chego à janela do oitavo andar, que é nono. Hoje de manhã na CBN já tive o prazer de ouvir minha “ídola” Magic Paula. Sou ex jogador de basquete e era colírio ver o inteligentíssimo basquete da Paula, municiando Hortência. Bons tempos! A munguba na frente da minha ex casa mostra duas, apenas duas, flores tricolores. Nelson Rodrigues – muitos clubes têm três cores, só o Fluminense é tricolor. Árvore tão grande, tão modesta de flores! Passa uma gari com seu uniforme abóbora, empurrando caçamba de lixo abóbora. Seria tolo escrever que pensa ela? Só que penso no que pensa ela. Vidinha difícil deve ter. Não lhe vi a fisionomia, que olho de cima e ela passa na rua. Muita gente tem vida difícil e todos e de todas as classes passa por fase difícil, uns muito mais. Mesmo aquela classe, a média, que chamou a ira de uma “soi-disant” socióloga. _ Eu odeio a classe média. Ódio constrói? A maioria, coitada da classe, média com pão e manteiga e trabalhando muito. Tentarei não politizar, não apoiar A, ou B, já que penso no Brasil e no atoleiro de corrupção e desgoverno em que chegamos. Já estou tomando partido? Acho que não, apenas e com humildade constato. E qualquer Conselheiro Acácio, o do Mestre Eça, constataria. Como não dar um jeito da vaquinha não mais adentrar ao brejo. Saio de política e, sendo cidadão comum, comuníssimo, concebo que queiram uns, ou não, vivemos em pais democrata e capitalista, seguindo a maioria dos países, principalmente os em que vivem cidadãos com comida, saúde e instrução, das quais estamos carentes. De construção familiar também estamos precisando. Volto ao Brasil agosto de 2016. Fase complicada de nossa história. Parece que o mercado e em país capitalista e democrata o mercado apita, aceitou bem a nova equipe econômica. E se formos pensar de forma não pragmática, para vencermos as dificuldades, há que fazer sacrifícios. Coisa triste fazer sacrifícios. Churchill avisou ao povo inglês que prometia sangue, suor e lágrimas e em seu discurso, omitem, mais também prometeu cansaço. Então quem for olhar sem antolhos a situação atual, sabe que com os sacrifícios vêm injustiças sociais, vide a necessária mexida nas aposentadorias. Trabalhar mais tempo, que horrível sob o aspecto pessoal! Então a Câmara e o Senado deverão votar medidas difíceis de votar. Necessárias. Sob qualquer aspecto, principalmente os deputados e de ambos os lados, têm padrão moral, ético e cultural para votar o melhor? Melhor para quem? Para o futuro do Brasil. Complicado. Como estas votações repercutirão na vida da gari, dos meus netos, dos seus filhos, dos idosos, onde me incluo? Haverá patriotismo, ou interesses escusos? Patriotismo, o que é isto? É, estamos em tempos olímpicos e de nada adianta perguntar agora se era momento de bancar o evento, que vai por os olhos do mundo em nós e estamos em aldeia global. As meninas venceram as chinesas. Os milionários meninos vencerão os africanos? Parece que nunca vencemos os africanos em jogos olímpicos. Aliás (gostava de ver Grande Otelo, dizer, aliás), falta-nos no futebol apenas a medalha olímpica. Esqueçamos a vida da gari pelos quinze dias futuros e vamos torcer. Depois será depois.


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(15 de agosto, 2016)
CooJornal nº 996


Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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