15/05/2016
Ano 19 - Número 984


 

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PEDRO FRANCO

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Chegada...

                                           Zé Cronicus

Pedro Franco - CooJornal


Chegadas podem ser até saídas...
De carona na moto do pai. Era então invejada e a maioria das colegas levada por motoristas e com carrões. Aquelas caronas abriram-lhe as portas da escola com professoras e alunas, até com as metidas a sebo.
Do príncipe encantado era momento repetido e emocionante. Até que o príncipe arranjou princesa mais rica e nunca mais chegou.
Ao palco era momento de aflição. À primeira pancada de Molière sentia-se no céu.
Na sala de aula. Era o professor. Sala cheia, alguns alunos mais velhos que ele. E lutava com sua tensão durante cinquenta minutos da aula de Literatura. Celulares tocavam, desatenções, piadinhas. Até que deixou com pesar o magistério e passou a ganhar muito mais na Propaganda. E sempre sentiu saudades de ser professor.
Na igreja, noivo no altar, que parecia um palco. Aparato, música, damas, andar cadenciado, igreja cheia, atrasada como determina a etiqueta. Pelo braço do pai, sócio do pai do noivo. Deseja de livre e espontânea vontade casar com Alfredo? Nem deixou o padre completar o sobrenome do noivo, pois chegou-lhe aos lábios um sonoro não. E bateu asas e muito feliz.
Chegou ao cara que vendia cocaína. Para conseguir o preço de uma dose, tivera que se vender. Ele cheio de marra ofereceu outra dose por rápido favor sexual. Aceitou. Cara debochada e arrogante. Deu-lhe forte mordida e tinha bons dentes. A notícia circulou no meio e até na internet. Ninguém mais quis lhe vender droga. Bendita mordida.
Ao terceiro jogo e ficar no banco do time de basquete, apesar de estarem perdendo e ser o melhor pivô do clube. Na reserva. Com as melhores intenções lançara olhares para a filha do técnico. Não apareceu no quarto jogo. Estava a caminho de Paris. Com a filha do técnico. Casaram-se lá, na volta passou a jogar vôlei e foi até as Olimpíadas.
Chegou à Londres deprimida. Podia ser Quixeramobim, Fortaleza, Gramado ou mesmo Paris. Não há boa chegada com depressão. E a família era contra remédios controlados e acusava-a de não colaborar. E só aumentaram o número de presentes, que não conseguiam interessá-la. Até que alguém lúcido da família a levou ao Psiquiatra. A moça foi tratada, com remédio controlado. Passou a achar belezas até em Quixeramobim.
À reta final em terceiro lugar. Montava o favorito, havia armação e seu grupo, inclusive ele, jogara pesado na terceira força, que estava na ponta e iria ganhar o páreo. E para espanto de todos do seu grupelho, tocou firme e por cabeça ganhou o páreo. Deu o delírio da reta de chegada e não me aguentei. O cavalo queria correr. Prometo me comportar melhor no outro tribofe. Aceitaram. Era o melhor jóquei em atuação.
A chegada Dela vai acontecer a todos. E é difícil desejar de fato boas-vindas. Tantas dúvidas!



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(15 de maio, 2016)
CooJornal nº 984


Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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