01/12/2015
Ano 19 - Número 962


 

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PEDRO FRANCO

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Água, condomínio etc

Pedro Franco - CooJornal


O mundo precisa economizar água, ninguém discute, até porque em terras tupiniquins a água é cara e nem sempre São Pedro acerta nos locais onde a água vai ficar estocada. Eis que leio nos jornais, novembro de 2015, que nos novos prédios, obrigatoriamente, os hidrômetros serão individualizados, isto é, cada apartamento paga a água por seu próprio consumo. Em prédios antigos não haverá a obrigação, face aos custos que, conforme o sistema de distribuição de água no imóvel, a instalação poderá custar de quinhentos a cinco mil reais. Há meses em reunião do condomínio abordei o assunto e fui informado do custo excessivo para colocar a água da forma agora preconizada para prédios em construção. E que então ficasse, em relação à água, tudo como dantes neste quartel de Abrantes. Por falar nestas reuniões de condomínio, confesso que sou marinheiro de primeira viagem em relação a morar em prédio. Durante mais de setenta anos morei em casa e em frente ao atual prédio, sempre ouvindo amigo falar horrores das reuniões do condomínio do prédio onde mora na Tijuca e a informação vinha também de outras fontes. Confesso que nunca fui a uma no prédio, onde tenho consultório, pois segundo me contaram, quando cheguei ao prédio há mais de cinquenta anos, não era saudável ir às mesmas, tais as brigas que ocorriam e às vezes em nível desagradável. E vim morar em prédio. Sente falta da casa? Não, chego à janela. E passei a frequentar as reuniões de condomínio e até falei acima que abordei o assunto hidrômetros. Vale asseverar que as reuniões transcorrem em clima ameno e gentil e as discussões, quando ocorrem e devem ocorrer, têm conotação tranquila e todos de fato procurando a melhor solução para os problemas comuns e aceitando democraticamente a vontade da maioria. Para dar ideia do que ocorre nas mesmas, conto que quando cheguei ao prédio e já conhecia alguns dos moradores, não me sentei logo na janela das vagas da garagem. Tenho carteira de motorista há mais de sessenta anos e para frente não posso reclamar. Já de marcha ré... E um vizinho, infelizmente já falecido (obrigado Paolino), percebeu minhas dificuldades automobilísticas e, pasmem, ofereceu-se para ficar com a vaga ruim e passou-me a onde estou, boa e confortável. Tentei demovê-lo do oferecimento, só que era para valer, insistiu e por fim aceitei. Creio que o fato comprova a boa vontade reinante. E voltemos à água. Se julgam que pensei nos meus reais, digo que sim e não ao mesmo tempo. Não sei se, individualizando o custo da água por apartamento, faria economia. No meu apartamento mulher, eu e uma empregada. Há alguns apartamentos com maior número de pessoas, só que deixam o prédio nas sextas e voltam após o fim de semana. Portanto não faço a menor ideia se a medida seria econômica para meu bolso de aposentado, que continua trabalhando e com prazer e pacientes. E então filosoficamente acredito que se cada um cuidar da sua água e em todos os sentidos, como deve cuidar por exemplo do seu voto, a sociedade progride mais. Portanto não tenho certeza da economia pessoal com o hidrômetro individualizado e chego à idade que certezas escasseiam e crescem dúvidas. Na vida, a necessidade de que responsabilidades pessoais sempre existem, deste fato não cabem dúvidas. Cuidado com sua água e mais ainda com seu voto. Que tempos tristes na política!
 




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(1º de dezembro, 2015)
CooJornal nº 962


Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
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