15/08/2015
Ano 19 - Número 948


 

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PEDRO FRANCO

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Seu Alvaristo

Pedro Franco - CooJornal

 
Nota explicativa. É dos “hobbies” do cronista concorrer a concursos literários e, a bem da verdade, mais perde que ganha. Esta crônica foi a concurso em sociedade literária e nem conseguiu mínima menção honrosa. E nem posso dizer que houve injustiça, por duas razões; não li as crônicas premiadas e dois dos vencedores são amigos e escrevem bem. Enfim não gostaram do Seu Alvaristo, que podia ser também “Palavras versus imagens”.


Mil palavras não valem uma imagem! Será? Às vezes, dependendo de umas e da outra, palavras podem valer mais. Devia ter ido ao Google, antigamente ia-se aos dicionários, na chacota chamados pai dos burros, para dar nome ao boi. Não vou apenas porque o que vou descrever e que nos fez rir, na digitação vai perder muito da graça. Almoçávamos e no Globo Esportes apareceu imagem hilária. Fato antigo e com base na festa de despedida do jogador Zico dos campos de futebol. Parêntese, não sou Flamengo, afirmo que Zico foi mais para o Flamengo que para nossa seleção e ainda que não vá tirar seus méritos, nem chegou perto de meus três ídolos futebolísticos nacionais: Pelé, Garrincha e Tostão. Vejam que nenhum era do Fluminense, meu clube do coração. Voltemos à despedida do Zico, que foi festa meritória. E aí, repito, passados tantos anos, devia ir ao Mestre Google, para dar nome. Refiro-me a jogador modesto do Nordeste que fez exibição notória neste jogo e O Globo Esportes, de gozação, editou matéria com ele vestindo a camisa da seleção brasileira. O quadro é finalizado com câmera e microfone destacando o jogador em close. À época o técnico da seleção brasileira era Evaristo de Macedo e o jogador diz com ênfase: “Gostou Seu Alvaristo?” Rimos até hoje ao lembrar a cena. Riram, se não viram a cena? Acredito que não. Quem a viu, tenho certeza, riu de novo. Sem a imagem... Depois fui ao Google para saber o nome deste jogador e apesar de várias pesquisas, nada consegui. Meu filho, a memória da família, lembrou-se do nome, era Jacozinho. Será modesta homenagem à ingenuidade deste atleta, que me parece perdeu-se depois de ter seu efêmero minuto, menos do que o tempo preconizado por Andy Warhol para sucessos. Voltando a imagens, lembram-se de criança correndo apavorada e com trapos pegando fogo, depois do bombardeio atômico à Hiroshima? Ou foi Nagasaki? Terrível! Nesta discussão, palavras e imagens, vi, em 2014, o filme, “Palavras e Imagens” (“Words and Pictures”) em que Professora de Pintura (Binoche, que de fato além de atriz é pintora) e Professor de Literatura (Clive Owen) discutem suas especialidades durante o desenrolar do enredo e com fundo romântico. Dos melhores que vi no ano passado e que passou quase em brancas nuvens. Ave César, é filme sem defeitos especiais. Estrelado por Juliette Binoche e elogiei o enredo, apesar de não ter maiores inclinações pelo tipo de pintura da heroína. Ficando em imagens de cinema, ainda que não seja felliniano, “Amacord” é meu filme predileto e cito duas de suas passagens sumamente eloquentes e poderia exemplificar com outras, sei, só que destaco rapazes dançando romanticamente fora da temporada, perto do cassino fechado, ou a população em pequenos barcos ganhando o alto mar para ver transatlântico passar. Imagens que ficam e ficam e digitar para procurar palavras e descrevê-las bem é difícil e o resultado modesto. Vejam, ou revejam, Amacord. A pureza de ato sexual por amor, muitas vezes perde-se nas palavras e até na pena de escritores de peso literário incontestável. E com liberdade que a crônica permite, fujo de imagens e palavras escritas e vou a uma das músicas que encantaram minha caminhada de hoje, quando me lembrei do gostou Seu Alvaristo?. Foi “Dueto”, de Chico Buarque, com ele e Nara Leão em terno dueto. Letra inteligente, muito esperta e que exalta amor e paz, quando os dois tentam que tudo os ajude no amor. Só que quando as coisas não lhes forem favoráveis, mandam tudo às favas e um dará ao outro amor e paz. Jovens, quando amarem, procurem juntar a paz ao amor, este o sentimento mais importante e que sempre, se ocorre, joga-nos nos braços da esperança. Gostou, Seu Alvaristo?



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pdaf35@gmail.com


(15 de agosto,2015)
CooJornal nº 948


Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
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