15/04/2015
Ano 18 - Número 932


 

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PEDRO FRANCO

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Pedro Franco


Aprendendo com concursos literários

Pedro Franco - CooJornal

Tenho amigo que escreve contos, crônicas e até comete poesias. Poesias ele comete, ainda que sua mulher goste. E ela usualmente tem bom gosto. E de repente o amigo desanda a escrever peças teatrais. Soube que havia concurso de dramaturgia na Prefeitura de Manaus. Cinco mil reais e publicação da peça, mil livros e ele receberia cem exemplares. Animei-o a mandar e ele disse que devia ter “mutreta”, não era do meio, neste não era conhecido e que não valia o esforço. Teimei, pois gostei da peça. Acabou por mandar. Primeiro lugar, cinco mil ainda que com o desconto do imposto de renda. E aparece novo concurso na Prefeitura do Recife. Aí não precisou de incentivo e lá foi outra peça a concurso. Mais cindo mil, mais cem livros, há concurso na UBE-RJ, para livros de Dramaturgia e manda o seu, mais um primeiro prêmio e concorreu até com autor global. E como foi a representação destas peças? Continua inédito em palcos, apesar dos honestos prêmios, pois ninguém o conhecia em Manaus ou em Recife. Ser representado, ou não, é outro problema e não vem ao caso. O amigo aprendeu algo e eu também. Podem ocorrer prêmios em que o QI (quem indicou) seja indispensável, só que cremos que concursos honestos apareçam em maioria e os autores merecem concorrer e melhor com confiança. Sobre este amigo vale dizer que sua inicial carreira de escritor foi brindada com conselhos tais como, não pense em escrever, não tem jeito para tal etc. De fato tem outra profissão e com sucesso. Teimou em escrever, contrariando vaticínios e não pode reclamar dos prêmios literários, que já passaram dos quinhentos. É conhecido? Não, apenas no próprio meio e do estado. Fato que para ele é de menor importância, pois crê que, sem ser o rei da cocada preta, dá seus recados com relativo sucesso e tem na escrita importante mexedor de ideias. Dentro de suas cogitações e vontades está ver peça representada. Em Concurso da Secretaria de Cultura de Araruama viu uma terceira peça ser lida/dramatizada e foi emoção enorme, a ser superada se conseguir de fato ver peça encenada. Além da tal história de, sendo idoso, botar neurônios a funcionar e cada ano que vence, deve ter esta preocupação de gostar de coisas e de fazê-las. Aprendeu que preconceitos são sempre nefastos. O preconceito era julgar que todos os concursos tinham facetas desonestas e mais que o mérito dos escritos, valeria apadrinhamentos, ainda mais quando os prêmios dos concursos literários falassem em reais. Vendo tantas “cachoeiradas”, mensalão, petróleo, grampos e “não falo para não me incriminar”, não se pode levar à área cultural este descrédito total. Então chegou à conclusão que todos os concursos literários são honestos? Se chegasse, seria um completo tolo. Chegou ao conceito alvissareiro que em grande maioria os concursos literários são honestos; que os componentes de júris olham méritos daquela obra, mesmo quando os prêmios falam em vantagens pecuniárias. Acredito que este achado seja muito promissor e leve todos os que escrevem a porfiar e com fundadas esperanças. Já na política... Ainda mais quando homens de Cultura por teimosia ficam presos a grupos desaconselháveis e continuam defendendo o indefensável. Pobres jovens! 

 

- Comentários sobre o texto podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com

(15 de abrilL/2015)
CooJornal nº 932


Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
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