25/05/2014
Ano 18 - Número 893


 

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PEDRO FRANCO

 


 

Pedro Franco



 Vícios

Pedro Franco - CooJornal

“A hipocrisia é a homenagem que o vício presta a virtude.”

De início, excetuando algumas ocorrências, exemplifico com tóxicos e tabagismo, os vícios, se não forem exercidos como vícios, podem ser prazerosos e não combatidos. Novos exemplos e aí vão logo dois, computadores e afins e bebidas alcoólicas. Um cara que vive mexendo em computação e abstêmio cita aparelhos dos caminhos virtuais e álcool como não viciantes, se usados de forma própria? Sim, escrevo no computador e sou abstêmio, não por doutrina e sim por enxaquecas com bebidas alcoólicas e nem sempre fui abstêmio, ainda que soubesse beber. E estes dois exemplos, desgoverno no uso dos aparelhos de computação e álcool, preocupam-me muito, pois são os jovens que os empregam no nível de excesso. As engenhocas “ipod” e assemelhados estão sendo usadas sem controles, bem como celulares. Há pessoas que inalam celulares! Vejo crianças entrarem com a família nos restaurantes. E tornam-se excrescências no seio da família, pois com nenhum familiar interagem. Ligam as maquinetas e jogam, ou conversam com os dedos com outros jovens. Mal param para comer e voltam ao aparelhinho, com se ele fosse indispensável, como o ar que respiram. Péssimo para a educação pessoal e familiar, para a postura, para a mente. Estão viciados em besteiradas! Termo forte. Talvez. E cervejas, vodcas, caipirinhas etc, etc. Volto ao subtítulo e a hipocrisia. Outro termo forte, adaptável ao momento do jovem. Vá conversar com um jovem que se inicia nos caminhos tortuosos do alcoolismo. E seus argumentos então deixam a hipocrisia cair bem. Sofismam, não sou viciado, bebo porque quero, não bebo durante a semana, só às vezes me excedo, só neste sábado é que fiquei bêbado e se esquece da outra vez que os pais tiveram que sair de madrugada para apanhá-lo, pois caíra na batida da lei seca, ou estava na casa de desconhecido e entregue às baratas. O jovem não percebe, ou finge não perceber, que só tem de fato alegria quando bebe. As desculpas, beber com amigos (as) para ver jogos, ou filmes, aparecem. Alguns destes já extrapolaram várias vezes e sempre insistem para que todos bebam e zombam nos moderados, invocando até masculinidades, ou feminilidades. Moças e rapazes estão entornando mais do que o aconselhável e bêbados perpetuam equívocos sem soluções futuras e até no campo sexual. Doenças tipo DST, filhos, atos ruins e de toda a espécie. Há os que têm sérios problemas familiares com a bebida e então está na hora de virarem abstêmios, para não estragarem suas vidas e em determinadas ocasiões precisam e muito de apoios psicológicos para de fato não entrar no vício. A crônica foge de ser de autoajuda, ou caminhar para didatismos chatos. Vejo problemas e aponto-os. Que tal o jovem, a jovem, conversar com o espelho e sem subterfúgios. Vamos às generalidades. Qualquer vício é ruim. Se for vicio é deletério. Há que fugir e encerro a digitação, porque tenho outras tarefas, estas sim indispensáveis à minha vida. Atenção, cuidado, estude-se e deixe determinadas amizades, já viciadas e agora perigosas, muito perigosas. E antes que tenha cometido algo irreparável e de fato se machuque, ou acerte inexoravelmente um ser querido.


(25 de maio/2014)
CooJornal nº 893



Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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