04/10/2013
Ano 16 - Número 860


 

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PEDRO FRANCO

 


 

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Pedro Franco



Passe curto I
 

Pedro Franco - CooJornal

Esticava o braço. Havia pavor no olhar da idosa. E desejava apenas apanhar um táxi. Não chovia e o entardecer estava longe. O marido, ao lado, fora seu sustentáculo. Agora se quedava apático, depressivo, anulado. E os táxis não paravam...

- Você está no armário? - Pergunta idiota. - Repito, você está no armário? - Dou duas repostas. A idiota, não, estou na poltrona. A outra, não sei. - Se não sabe, está. - Isto se chama simplificação, tratando-se da vida de outro. Continuando, gostaria muito de sair. Se estiver.

Tanta inventividade! E ainda não inventaram air-bag para crianças e idosos. Um ventral, outro dorsal, protegendo principalmente pescoços e cabeças.

Tudo fácil. Mulheres, carrões, iates, parecia até propaganda de cigarro de tempos passados. Até que ouviu. - Estou grávida e sou menor, ainda que não pareça. - Aborte, pago. - Nunca, sou contra abortamentos. - Se é assim, adeus. Saiu e sumiu. Sempre há lugar no mundo para usar dólares, ou tentar espionagens via internet.

E de repente, não mais que de repente, pesou-lhe a responsabilidade de dar voto que decidiria o futuro de um País. Pode? Pode.

Um concurso literário de importante cidade brasileira, capital de estado, solicitava e entende-se o pedido por motivos morais e éticos, que os concorrentes mandassem as obras sob pseudônimo. Em envelope fechado seriam colocados os verdadeiros dados do autor. Quando o resultado foi publicado, vejam o ocorrido. Nome de um dos vencedores, Maria das Couves Bertalha, pseudônimo Maria Bertalha. Outra cidade abre concurso de Dramaturgia. Seriam cinco as peças premiadas. A última menção honrosa foi para autor do Rio de Janeiro. Primeiro, segundo, terceiro prêmios e primeira menção honrosa para dramaturgos daquela cidade. Apesar de pequena merece o título Cidade Teatro do Brasil. Por que não ponho nomes? As cidades, duas ótimas cidades, nada têm com as loucuras que júris literários cometem em seus nomes.

As raposas reuniram-se para fazer leis que supostamente beneficiassem o galinheiro. Enorme e inculto galinheiro, onde muitos parecem filhos de chocadeiras.

Apavorada ao entrar no novo colégio. Saíra do Brasil com um ano, pais exilados e voltava antes dos seis com a mãe, que se separara. Chorando, ainda que sem querer mostrar, levou a filha até a porta da sala. - Volto logo logo para apanhar você, filhinha. Não chore, para não implicarem com você. Ser criança pode ser muito difícil.

A demagogia está para a Democracia, como o vício para a virtude. Assalta-me dúvida. Que faz mais mal a um país, corrupção, ou demagogia? Corrupções até que poderiam dar cadeia...

Um menino de treze anos mata o pai, a mãe, a tia e a avó. Vai à escola, dirigindo o automóvel da família. Volta e então se suicida. Quando a polícia apresentou esta versão, muitos acharam que não era versão e sim invenção. Não era e aconteceu em São Paulo. Psicopatologia! Chamar Freud ou Jung? Ou o bêbado do botequim pé sujo da Zona Sul, que disserta de forma opinativa sobre qualquer assunto.

E a Imprensa, dita quarto poder? Imprensada. Propagandas milionárias, atuações por concessões. É, às vezes, anda na corda bamba. E sem rede por baixo.


(04 de outubro/2013)
CooJornal nº 860



Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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