07/06/2013
Ano 16 - Número 843


 

ARQUIVO
PEDRO FRANCO

 


 

  Follow RevistaRIOTOTAL on Twitter

Pedro Franco



Brigitte Bardot e o tempo

Pedro Franco - CooJornal

Aconteceu no enterro de Roger Vadin. Que foi casado, não sei se nesta ordem, com Catherine Deneuve, Brigitte Bardot, Annette Stroyberg, Catherine Schneider, Jane Fonda e Marie-Christine Barrault. Que elenco de beldades! Dele vi filme pré guerra de menino judeu, que muito agradou. Não sou entendido na filmografia de Vadin, que fez Jane Fonda filmar até Barbarella. Ficarei na Bardot, que foi homenageada até com uma marchinha de Carnaval, lembram-se? E quem não homenageou, de alguma forma, La Bardot? E ela não era minha primeira escolha em homenagens e tietagens. Minha galeria começa com Lizabeth Scott (filmes policiais com Wendel Corey), Gina Lollobrigida, Jean Seberg, Lola Albrigth (namorada do Peter Gun no seriado) e por aí vai. Quem não acha a Bardot um lindo animal, vital, brejeira, sensual, francesa, atuante, independente, enfim um marco na beleza feminina? E não é que me esqueci de citar Ava Gardner, como devo ter me esquecido de citar outras mulheres que achei lindas. E para mais uma citação, para não parecer que só admirei no passado, Emma Thompson, em “Retorno a Howard Ends”, também me encantou e pela simpatia que deu ao personagem. No momento posso citar a Ana Paula Arósio, que é colírio nacional. Idem a Giovanna Antonelli. E volto à Bardot e suas fotografias no enterro de Roger Vadin. E, pelo que vi, fiquei zangado com o tempo. Ele é mais inimigo das mulheres, que dos homens e mais ainda das mulheres lindas. Tenho visto muitas fotografias, que não gostaria de ter visto. Os fotógrafos deveriam deixar-nos com as figuras passadas de algumas mulheres, que permaneceriam intocadas. Sei que eles são escravos de suas contas bancárias, das verdades, da realidade e sei também que há leitores mórbidos, os despreparados para curtirem belezas, ou despeitados em relação ao belo alheio. Tanto que continuam fotografando estrelas no ocaso, na velhice, ainda que algumas velhinhas guardem encantos e sejam ternas lembranças. Posso citar Audrey Hepburn e Debora Kerr, que puderam ser fotografadas sem causar embaraços, ainda que sem os fulgores da mocidade. E os principais culpados não são os fotógrafos, ou os espelhos. Como estes espelhos devem fazer mal às lindas mulheres, estrelas ou não, repuxadas em mil plásticas, ou não. Espelhos e fotógrafos são apenas arautos da verdade. O culpado é o tempo, inexorável, destruidor. Dia de raiva e pessimismo? Não, de constatação, perante o retrato que vi na revista Caras sobre o enterro de Roger Vadin e suas mulheres. E há alguma forma das mulheres lindas continuarem lindas? Há, sei. Perante os olhos de quem com elas conviveu, artistas, ou não, e de fato amou-as. Pena que raras mulheres lindas foram de fato amadas. Elas são difíceis, suas carreiras complicadas, usam pessoas e são usadas, mais usadas que usam e dão pouca chance ao verdadeiro amor. E é pena, pois não há máquina fotográfica, ou espelho, que modifique a imagem de quem amou a bela mulher, ou assim julgou-a. Será que alguém, com quem conviveu, de fato amou Brigitte Bardot?



(07 de junho/2013)
CooJornal nº 843



Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
Conheça um pouco mais de Pedro Franco


Direitos Reservados