15/03/2013
Ano 16 - Número 831

 

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PEDRO FRANCO

 


 

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Pedro Franco



Caminhando na Altenhaus
 

Pedro Franco - CooJornal

A finalidade desta é focalizar caminhadas e o modo que encontrei de fazê-las com menos sacrifício. De início invejo quem gosta de caminhar e durante tempo determinado. Receito no consultório. No meu cotidiano e na mui e leal e sofrida São Sebastião do Rio de Janeiro faltam-me tempo e principalmente vontade. Desculpas pululam. Devo acostumar-me a andar nas férias. Nem vou falar da indumentária obrigatória, tênis com amortecedor, protetor solar, mesmo que ande antes das dez horas. Vou me deter na forma de caminhar em passo estugado e durante no mínimo quarenta minutos. Dizem os especialistas que caminhar quatro vezes por semana, em dias não consecutivos, já serve, ainda que o ideal seja caminhar seis dias em sete. Em Itaipava só se chove, ou por motivo de força maior, não caminho. Tento pegar o embalo e na volta ao Rio seguir no recomendado. Prévio alongamento, quase sempre esquecido e não devia. Vou caminhar e de olho no relógio. Trotando, ou caminhando? Caminhando. O próprio Professor Kenneth H. Cooper, que valorizou o exercício, depois de aconselhar corridas, aceitou que caminhar ligeiro e de acordo com as possibilidades que o exame médico aconselhou, é tão benéfico quanto correr e sem os desgastes articulares que as corridas condicionam. Até aqui nada disse demais. Apenas abordei o trivial. Agora vem a “mumunha”, se gosta de música, peça para um entendido preparar um “ipod” de acordo com suas preferências. Meu neto Maurício preparou especial e há seis verões uso e ouço músicas de forma aleatória. A engenhoca tem duas formas. Músicas sequenciais, por exemplo, algumas do Chico Buarque, ou entram vários cantores (as) aleatoriamente. Prefiro esta forma e de quando em quando entra música ainda não ouvida. Noventa e cinco por sendo MPB e da boa, de Vinicius a Simonal (não vem de garfo,que hoje é dia de sopa), de Elis a Dick Farney e tem até com o próprio Farnézio Dutra, seu verdadeiro nome, dando um show em “Tenderly”,. Música instrumental, pouca e até Chet Baker cantando. Talvez o ano que vem peça para colocar mais Elis, Tim Maia, João Gilberto, Elizeth e mais ainda do Chico. O “ipod” deve seguir o gosto do caminhante e com surpresas. Você não é ligado em música? Egoísta nos ouvidos e radinho na CBN. Tudo bem. Gosta de escrever? Rumine idéias enquanto anda. Concebi a crônica ao caminhar hoje. Viaje, no bom sentido, enquanto troca passos em terreno plano. Ou refaça lugares viajados, ou por viajar. Não pense nas coisas sérias e chatas da vida, que estas perturbam o caminhante. Você está realizando algo prazeroso! Ou devia estar. Para mim não é prazeroso caminhar, é absolutamente necessário e você deve ajudar sua mente a distrair-se também. Para tirar a impressão inicial de jabá em relação ao título e espero que todos conheçam a gíria, já andei no terreno, pequeno terreno, que tinha na casa de Petrópolis e que vendemos, quando filhos e depois netos desinteressaram-se dos veraneios. Depois caminhei nos terrenos da Pousada Alcobaça (vide livro literário e culinário na “Cozinha da Alcobaça”, de Laura Goes), depois no Parque Municipal de Itaipava, em frente ao Shopping Vilarejo e ando prazerosamente há seis anos no lindo parque da Pousada Altenhaus. Altenhaus do alemão, casa velha e que de construção antiga a pousada nada tem. Caminho no gramado e na quadra de tênis com tranqüilidade por um mês no verão de cada ano. Se for escolher o melhor lugar para andar nas cercanias de Petrópolis, aponto os jardins do Museu Imperial. Permanente sombra, passarinhos, esquilos e um ar histórico. Petrópolis tem magia histórica. Dei a impressão que gosto de caminhar? Andar para mim é obrigação. Que se a torne menos desagradável, escolhendo local e com música. Haverá receita melhor? E as academias? Para quem gosta. E uma confidência final, quem assina a crônica, por bondade da Direção da Pousada, dá nome à biblioteca da mesma.


(15 de março/2013)
CooJornal nº 831



Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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