15/02/2013
Ano 16 - Número 827

 

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PEDRO FRANCO

 


 

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Pedro Franco



Separações
 

Pedro Franco - CooJornal

Sem didatismos sabemos que há vários tipos de separações. Nem vou falar nas por mortes. De antemão ficam fora de conversa. Também deixo fora as separações definitivas de amores. Ás vezes não são definitivas e apenas no momento assim são encaradas e sofridas. Fico então com as separações na vigência do amor. Sempre são ruins, dolorosas. Há época que se conta em horas. Já tiveram separação de meses, vendo um navio afastar-se e serpentinas sendo rasgadas pelo navio rebocado? É horrível, creiam. Domingo a noite largar a namorada e vir pensando que amanhã é segunda-feira e vai demorar outro fim de semana, quando vai vê-la, pois telefone, computador e estamos cheios destas parafernálias não substituem o olhos nos olhos, .Estas rápidas são dores amenas. Isto acontece na mocidade. Hoje há muito o amor/paixão. Já houve muito o amor/flerte, meio sobre o platônico, que depois virava fogo e paixão, quando as moças se casavam virgens. Já houve isto, ainda que não esteja dizendo que isto é melhor, ou mais certo, que aquilo. Solicito que a frase anterior seja enfatizada. Depois o cotidiano engolfa a vida do casal. Profissão, família, dificuldades e o amor amorna, se é que não morre. Sentimentos há que regá-los e cotidianamente. Os anos passam, as paixões abrandam e, se o amor não morreu, vem com uma nova roupagem, misto de amizade e ternura, compreensão e temor de perder, interesse e companheirismo. E as pequenas separações de horas não são sentidas. Caíram no dia a dia. As de dias são penosas: a falta da conversa, o outro lado da cama vazio, o não ter com quem implicar um pouquinho, um pouquinho só, um certo sem jeito de falar desta saudade, que pode até ser confundida com costume ou interesse pessoal, ou comodidades perdidas. Cadê o ronquinho, para reclamar; a escapulida da dieta para comentar; o artigo do jornal para recomendar; o caso do dia a dia para repetir; as histórias dos meninos, agora filhos ou netos? Ver o filme sozinho, sem comentários, a casa vazia de noite, principalmente, a quebra da rotina, a saída para o jantar, com algum parente, fato que não é dos costume dos dois.
Fica uma vida diferente, vazia, tola. É, não ha serpentinas, cartas, discos tocados, discos especiais! De toda a maneira é se preparar, que é separação de poucos dias, mas é separação e separação é das penas que homens e mulheres pagam por viver. E amar. Em cada fase da vida de uma forma. Ou quem sabe certas separações sirvam para se ter uma idéia do que é saudade, do que é bom, de como é ser feliz estarem juntos, apesar de tudo e todos, da idade, dos, vá lá, achaques, das, vá lá, chatices de cada um, do amor, que temos e às vezes nem demonstramos bem. E é bom sempre demonstrarmos. Sempre. Enquanto é tempo e há tempo para separações, saudade, amor.


(15 de fevereiro/2013)
CooJornal nº 827



Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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