28/09/2012
Ano 16 - Número 806

 

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PEDRO FRANCO

 

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Pedro Franco


Cinco livros curiosos

 

Pedro Franco, colunista - CooJornal

 1 – “Tukani – Entre os animais e os índios do Brasil Central”, de Helmut Sick. O renomado ornitologista alemão, além de seu importante livro “Ornitologia Brasileira”, conta neste Tukani as peripécias de como fez parte da Expedição Roncador-Xingu, que explorava a parte baixa da Amazônia. Tukani era uma espécie de tucano, que Sick amestrou e que muitos problemas criou-lhe quando voltou à civilização. O autor assevera que pior que os animais selvagens na Amazônia são os insetos.

2 – “Minha Razão de Viver”, de Samuel Wainer. Mostra os meandros da política do País em determinada fase da vida brasileira. E ninguém poderá contradizer o autor, pois descrevia fatos nos quais desempenhara papel de realce. Será que o cenário político mudou? A CPI do “mensalão” mostra que não.

3 – “Um dia na vida de Ivan Desinovich”, de Alexander Solzhenitsyn. O autor notabilizou-se por outros livros, em que mostrava a vida na União Soviética em época de total censura. E neste pequeno livro descreve o dia de um cidadão comum. A narração evidenciava toda a difícil vida de uma sociedade. O mesmo pode se dizer dos livros do cubano Pedro Juan Gutierrez, mas este, sem que apareça uma explicação convincente, consegue ter seus livros publicados e continuar vivendo em Cuba. Já o russo...

4 – “Alves & Cia”, de Eça de Queiroz. Um dos únicos livros póstumos de valor. Neste sentido, livros póstumos, Fernando Sabino deu ordens terminantes para não publicarem o que sobrou em suas gavetas. A exceção, que confirma a regra, foi a obra de Franz Kafka, só publicada por desobediência de um amigo à sua última vontade. Imagine-se a literatura mundial ficar sem seus livros, inclusive o “Metamorfose”!

5 – “Navegação de Cabotagem” de Jorge Amado. “Apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei”. Relendo “Navegação de Cabotagem”, continuei gostando muito do livro, ainda que constate que descreve mortes demais e cumula alguns menos elogiáveis de encômios. Assim é a vida e seres utópicos não existem. E para mim Jorge Amado (deixando Machado de Assis fora de qualquer comparação) forma com Erico Veríssimo o par impar na Literatura Brasileira. E um aspecto que me chamou a atenção ao lê-lo pela primeira vez, é como funcionam alguns concursos e prêmios literários internacionais, principalmente se há retribuição financeira nos mesmos. Escolhas por necessidades momentâneas e não por mérito literário. Voltando ao saboroso “Navegação de Cabotagem”, encoberto por muitos outros livros vitoriosos do autor baiano, talvez até porque contou casos e faz críticas às próprias ideias, que nortearam parte de sua vida na militância política. Na página 10 do livro há comentário de Jorge Amado sobre o ex Presidente Lula, feito quando ainda candidatava-se pela primeira vez à presidência. É curioso ao menos. Vale procurar o livro e conhecer então o comentário. Se a leitura do “Navegação de Cabotagem” acontecer, escrever a crônica já obteve valiosa recompensa.


(28 de setembro/2012)
CooJornal nº 806



Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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