16/06/2020
Ano 23 - Número 1.177



ARQUIVO
MILTON XIMENES

Venha nos
visitar no Facebook

 

Milton Ximenes Lima



“Eu fui do tempo em que”

Milton Ximenes Lima - Colunista, CooJornal

O tempo urge e ruge para mim. Nas esquinas do mês de abril/2019 tropeçei nos meus oitenta anos. Lendo Elyam Peçanha (Jornal Espírito Santo De Fato), noto que, ao encerrar sua coluna social, ele relembra o seu passado, sob a invocação “Eu sou do tempo”...

Resolvi embarcar, também, nesta oportuna e curiosa viagem. Apenas adaptei à minha idade maior, corrigindo a frase para “Eu fui do tempo..., não me preocupando, inclusive, com qualquer ordenação cronológica, tarefa praticamente impossível, tantas são as oscilações das recordações deste pretérito viver... Algumas poderiam até evoluir e permanecer, mediante costuras literárias, crônicas e contos, mas, por enquanto, prefiro pincelar momentos através desta forma, mais rápida e direta.

Portanto, amigos e inimigos que me tentarem ler ou ouvir, aceitem estas resumidas gotas de costumes saudosos, confissões de um passado cachoeirenses escondidas no

“Eu fui do tempo em que”:

os infantes alunos do Grupo Escolar Graça Guárdia, 1946, 1947, 1948, 1949..., em Cachoeiro, ao se formarem, antes do início das aulas do dia, no enorme pátio, em torno da grande escadaria da entrada principal, se perfilavam militarmente, tomando distância, com um braço esticado, mãos no ombro do colega à sua frente, e entoavam o Hino Nacional, o da Bandeira, o da Independência, o da República, o Cisne Branco, o Avante Camaradas, das Forças Expedicionárias Brasileira, e outros; em que os alunos permaneciam de pé à entrada dos professores na sala de aula e só se sentavam quando eles se acomodavam nas cadeiras das suas mesas; em que os alunos, para a escrita, levavam pequenos vidros de tinta (tinteiros), substituídos, depois, pelas canetas-tinteiros; em que levavam, também, borrachinhas (de apagar erros a lápis, acopladas aos próprios lápis), e papéis “mata-borrões” para se socorrerem no inesperado ou desesperado exagero ou derrame das tintas; em que, para fazer cópias do que se escrevia ou desenhava, se usava o chamado “papel carbono”, também muito usado na cópia de documentos datilografados; em que as colas/gomas ainda não eram industrializadas e a gente artesanalmente fabricava, em casa, uma de farinha de trigo; em que se forravam as capas dos cadernos e livros com papel mais grosso e mais protetor; em que mergulhei nas primeiras leituras: O urso com música na barriga (presente do meu padrinho de crisma, Áureo Prates e esposa Amélia); As aventuras de Tibicuera (já na estante lá de casa), ambos do gaúcho Érico Veríssimo, escritor que, sem eu me atentar deste início, me cativou na juventude, a ponto de ler todas suas obras
.

Comentários podem ser enviados diretamente ao autor no email miltonxili@hotmail.com





Milton Ximenes é cronista, contista e poeta
RJ

Email: miltonxili@hotmail.com
Conheça um pouco mais de Milton Ximenes Lima



Direitos Reservados