09/11/2012
Ano 16 - Número 812

ARQUIVO
MILTON XIMENES

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Milton Ximenes Lima


“Caixistórias”

Atendimento ao público

 

Milton Ximenes Lima - Colunista, CooJornal

 

O colega atendia ao publico, ou, na linguagem da época, “atendia no balcão”. Mais precisamente na área de avaliação de Penhores. Quando aquele homem começou a falar com dificuldades sonoras repetitivas, pediu-lhe tempo, esclarecendo, em baixa voz:
- Moço um momento, por favor, Ta me dando aqui uma dor de barriga, me desculpe, vou chamar outro balconista para atendê-lo. Espere um pouquinho só...
Compreensivamente o cliente atendeu: Tá, tá, tá..., si, si, senhor...

Então, ele pediu socorro a determinado colega:
- Cara, quebra meu galho ali com o público, que tô entrando numa diarréia brava! Atenda para mim aquele senhor baixinho, moreno, de bigodão...

Sim, sim, sim! – prontificou-se o companheiro de trabalho...

Pouco depois, a confusão estava formada, inclusive o Gerente da Agência apaziguando o cliente que, a seu modo e na medida do possível, esbravejava e reclamava que o funcionário que o atendia, estava dele debochando, imitando-lhe a gagueira!

De longe, atrás de um armário, fingindo saborear um cafezinho, o autor da idéia de destacar um colega gago para atender um cliente gago, observava, cara de inocente, a barulhenta cena.


Banco dentro do banco

Entre 1965 e 1967, Agência Madureira Penhores. Movimentadíssima. Diziam até, à época, mais do que a principal do centro de São Paulo. Acreditavam, também, os colegas que os homens talvez tivessem vergonha de levar objetos à penhora, e assim, convencessem as mulheres a substituí-los na operação. Mas quando alguém do grupo de funcionários falava mais alto as palavras “Banco Boa Vista!” que, por sinal, era o nome de um banco concorrente, todos convergiam suas atenções para além do balcão principal de atendimentos para apreciar as pernocas das clientes sentadas naquele banco especial que, um pouco inclinado para trás, forçava, na frente, a elevação dos joelhos e das pernas cruzadas, e, assim, todos tinham o inesperado momento da oportunidade de visualizar o que achavam mais interessante e imaginário.


(09 de novembro/2012)
CooJornal nº 812



Milton Ximenes é cronista, contista e poeta
RJ

miltonxili@gmail.com
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