23/10/2010
Ano 14 - Número 707


ARQUIVO
MILTON XIMENES

 

Milton Ximenes Lima



 OS PEQUENINOS – CRIANÇAS E CRI-ONÇAS (III)


 

Milton Ximenes, colunista - CooJornal

VINTE E UM

Filha de colega de trabalho, em duas ocasiões. Na primeira, explicando a ele o machucado dentro da boca: - Papai, papai, minha boca me mordeu! Na segunda, replicando ao pai que lhe dizia não gostar de menina mentirosa, ela esclareceu:- Mas papai, eu sou verdadosa!

VINTE E DOIS

O pai tinha o hábito (!?) de, vez em quando, tomar banho com o filho. O menino descobre as novidades, faz a pergunta que o surpreende: - Pai, posso passar sabão nele? Resposta rápida e assustada: - Não, filhinho, não, ele hoje está muito doentinho!

VINTE E TRÊS

A jovem avó estava preocupada com o banho demorado do neto. Apesar dele se sair bem sozinho, ela pensava nos detalhes da limpeza, como a dos ouvidos, e outros. Escancarou a porta do banheiro, e já ia entrando quando recebeu a advertência: - Ô vó! Respeita o meu corpo!

VINTE E QUATRO

Na sala de aula, a professora enfrentava o fato novo: - Tia, ó tia, o F. desenhou um peru no quadro. Perguntou-lhe: - Que peru? A ave? O garoto: - Não, não, a senhora sabe, né... Cortou-lhe maiores esclarecimentos: - Então não tem graça nenhuma! Isto todo mundo vê nas revistas, e em casa com os irmãozinhos... O mais difícil mesmo é desenhar a ave!

VINTE E CINCO

Menina explicando à mãe como não deixara que sua tosse incomodasse às coleguinhas na hora de repouso nas camas de lona do Jardim de Infância: - Eu não deixei a tosse tossir, mamãe!

VINTE E SEIS

Mãe, num momento de intenso nervosismo, desabafa: - Não sei o que vou fazer com você amanhã! O filho, nove anos, esclarecido e franco, responde:
-Por que você não me abortou?

VINTE E SETE

No fim da festa de aniversário, comemorada no colégio, perguntaram ao garoto se ele iria embora de ônibus com os coleguinhas, e ele foi firme na sua opção: - Não, não... eu vou é de minha MÃIÊÊ!

VINTE E OITO

Pela primeira vez o menino vai a um aniversário de um amiguinho em uma casa de festas. Olha, deslumbrado e curioso para os diversos brinquedos que lhe são oferecidos, e faz a mãe abaixar a cabeça (e os ouvidos), para consultar, baixinho:
- Mãe, a senhora trouxe dinheiro?

VINTE E NOVE

Menino no carro do tio, em trecho da rua Farani, quase em frente à Universidade Santa Úrsula, Botafogo, RJ, onde duas altas rochas ladeiam, grandes e pontudas, a rua, quase a invadirem as calçadas dos dois lados, dá a sua opinião:
-Tio, tio! Olha aí um túnel sem teto!

TRINTA

Em visita à filha, o avô reencontra a netinha. Menina inteligente, já aos quatro anos de idade lia os nomes das ruas de Ipanema, RJ. Quando chegou a era do computador, ela, cinco para seis anos, logo se interessou pela novidade, e quando o avô se mostrou curioso, ela ia comprimindo os teclados com seus dedinhos, e explicando: - O vô mexe aqui, depois neste aqui, e mais aqui... Quando acabou a demonstração, perguntou:
- Aprendeu, vô?
- Ainda não... - foi a resposta dele.
Ela ficou um pouquinho em silêncio, mas nem se decepcionou, pois foi logo aconselhando:
- Ihhh...Deixa pra lá, vô, deixa pra lá....


(26 de outubro/2010)
CooJornal no 707


Milton Ximenes é cronista, contista e poeta
RJ

miltonxili@gmail.com

Direitos Reservados