16/12/2011
Ano 15 - Número 766


Amigos da Cultura

 

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IRENE SERRA

 

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Irene Serra  
  

COMPROVANTE IMPRESCINDÍVEL

 

 

Irene Serra - CooJornal

É interessante o encontro desses irmãos. Muitas vezes todos falam ao mesmo tempo e ninguém escuta nada. Outras vezes, silêncio, pensamentos ensimesmados. Mas o importante é estarem juntos, coisa que vem ocorrendo a cada ano com mais raridade. Distância pelo espaço físico, não de coração.

Pois essa semana, até que enfim! Lá estão eles reunidos em Ipanema. Almoço fora, pois ninguém é de ferro para cozinhar enquanto podem conversar. O mais velho passa a mão nas comandas e assume o pagamento.

Epa, pulei etapa. O caçula já havia acompanhado uma das irmãs ao médico, pois novamente ela precisa de apoio extra para ser iniciado outro tipo de tratamento e esse procedimento a deixa com a cabeça a mil, intranquila. Como disse, é extra, pois o marido companheiro em todos os momentos, sempre por perto, nunca falha em atenção e carinho.

À noite, conversando com aquele irmão (o que anda rápido demais sem fazer arf, arf, que já comentei em outra ocasião) sobre posicionamentos da ANS e do plano de saúde ao qual é associada, ele alerta sobre cuidados a serem tomados, uma vez que já teve entrevero decorrente desses atendimentos apenas telefônicos ou virtuais, pois a moda, agora, é não mais haver um local onde se possa conversar e esclarecer dúvidas, olhos nos olhos. E, quando ainda os há, dificuldades também podem ocorrer, com o resumo de apenas um número de protocolo.

E conta... Sua filha teve problema com o cartão de crédito e, após explicações e acordo aceitos, tudo parece resolvido e lhe dão apenas o fatídico número de protocolo. Ele vai à agência e quer, por direito, um comprovante que está quite. A atendente insiste que tudo foi gravado em disco e que não é necessário, basta o protocolo. Ora, só protocolo ele não aceita, exige um documento assinado, discriminando tim tim por tim tim o acordo. Impasse sem resolução? Não para ele!
- A senhora diz que está tudo gravado aqui?
- Sim, o senhor pode ficar tranqüilo.
Ele se levanta calmamente, desconecta os cabos da CPU e faz menção de carregar o computador. – Se está tudo aqui, este é o meu comprovante e vou levá-lo!

Em apenas mais uns minutos ele sai da agência tendo em mãos os papéis solicitados. Fácil, fácil!


(16 de dezembro/2011)
CooJornal no 766


Irene Vieira Machado Serra
professora, foniatra, editora da Revista Rio Total
RJ 
irene@riototal.com.br