11/09/2010
Ano 13 - Número  701


Amigos da Cultura

 

ARQUIVO
IRENE SERRA

 


 
Irene Serra  
  

”Cantos dos Meus Silêncios”
em meio a taças de “Vinho Branco”

 

Irene Serra - CooJornal

Entre a necessidade de ir e vir do Rio a São Paulo, por duas vezes seguidas em curtíssimo espaço de tempo – verdadeiro jogo de pingue-pongue - tirei um tempo para um diferencial maior: aproveitar os livros do Milton Ximenes e da Belvedere Bruno que chegaram e nem lhes dar retorno sobre a leitura o fiz. Não é sempre que sou assim deseducada, mas as circunstâncias se impuseram, visto aproveitar a família reunida para festejos além de ficar sem acesso à internet por estar em uma fazenda que captava mal os sinais do 3G.

Milton, em ”Cantos dos meus silêncios”, me remete à infância, quando nada nos é impossível. Sente saudades de sua terra natal, Cachoeiro de Itapemerim, e o mesmo sinto em relação ao meu Rio tão amado e agora tão devastado, gradeado, vizinhos que mal se cumprimentam isolados uns dos outros, amigos que não se encontram por medo de sair à noite.
Em seu poema 'À Elis Regina', é pungente "Ao longe,/procissão branca de sorrisos/e braços abertos/". Sabemos quem são, mas também é como se a Pimentinha estivesse diante de nós, a sorrir, com aquele jeito de balançar os braços. E, logo na sequência, "no cântico dos amigos chegados antes:/o fim do caminho.../a casa de campo.../da eternidade" a recepção dos que já estão do lado de lá, envolvendo-a em sorrisos e abraços. Lindo!
Conversáramos sobre Maricá e fui apreciar a lagoa de Araçatiba, saborear um bom peixe, admirar o pôr-do-sol que tanto o encanta. Uma tarde e tanto!
Tenho uma amiga a quem dedico admiração especial, Arlete Reis, que também mora em Maricá e muitas dicas me deu sobre a cidade, mas desta feita não tive como procurá-la. Outras ocasiões virão, com certeza.

Belvedere, entre assuntos tão variados, nos mostra um mundo de ilusões, surpresas e contrastes, fantasia e realidade, em seu primeiro livro solo: "Vinho Branco".
Tive oportunidade, anteriormente, de ler várias de suas crônicas, pois era colunista do CooJornal, e acompanho sua trajetória ascendente, o quanto vem se dedicando à arte da escrita. A propósito, faz entrevistas primorosas, sempre conhecedora da vida e obra do entrevistado.
Sofrida, revela tristeza com o falecimento de Artur da Távola (aquele amigo sempre tão presente e que continua conosco na saudade), desabafando: 'Nunca haverá quem preencha o vazio que ele deixou em minha vida'.
E se supera em 'La Sebastiana', mostrando sua curiosidade ao visitar a casa de Neruda. Pura nostalgia!

Belvedere Bruno e Milton Ximenes, em prosa e poesia buriladas com emoção e sensibilidade, me trouxeram momentos de encanto e prazer. É maravilhoso tê-los como amigos!



(11 de setembro/2010)
CooJornal no 701


Irene Vieira Machado Serra
professora, foniatra, editora da Revista Rio Total
RJ 
irene@riototal.com.br