09/07/2005
Número - 428





Irene Serra  
  

DO VIRTUAL AO REAL

 

Conhecemo-nos virtualmente e logo o considerei confiável e íntegro. Teclávamos por horas, muitas vezes, já bem tarde da noite.  Sua mulher, um encanto de pessoa, sempre alegre e comunicativa, mandava-me receitas saborosas e eu sentia que suas sugestões eram dadas pelo prazer em colaborar. Se viajavam, mesmo de longe ele escrevia e vice-versa. Mas a privacidade de nossas casas sempre foi mantida, raramente conversávamos ao telefone.

Meu marido insistia que eu estava abusando da paciência do rapaz, algumas vezes pedindo-lhe textos em cima da hora. Porém, eu não pensava assim. Achava que ele teria a liberdade de falar quando algo não fosse possível, ou mesmo, que não quisesse fazê-lo. E, certamente, eu compreenderia. Só que, para minha sorte e de nossos leitores, ele nunca atrasou em sua correspondência, nunca falhou em seus compromissos, nunca disse um não.

Já o tinha como um bom amigo, quando nos convidou para jantar. Que alegria! O encontro seria em um agradável restaurante perto de nossas casas e o reconhecimento não seria difícil, pois já o vira em foto; se bem que foto de Internet não queira dizer muito.

E lá fomos nós, Luiz e eu, andando até o restaurante. Já perto, comecei a procurar por sua esposa – alta, loura, de olhos azuis – conforme a descrição que recebera. Luiz me ajudava nesta tarefa, tentando evitar que eu encarasse as pessoas com a intensidade com que o fazia, procurando pelos olhos, pois louras, muitas havia.

Mas... aquele homem forte,  de olhar também forte em nossa direção, devia ser o Francisco Simões. Acenos, aproximação, abraços, beijos e, ora pois, o ora pois da descrição era, então, um trocadilho? Sorri feliz, porque o que eu sentira era exatamente o que eu via, era esta a mulher que eu imaginara, totalmente diferente do que meu amigo brincalhão dissera.

Papo vai, papo vem, Simões e Irene com a matraca solta, Zezé e Luiz – sábios - a observarem  cuidadosamente a veracidade de cada um e, acredito, ali a amizade real estabelecida, para sempre. Para sempre, sim, espero!

Sendo a lealdade e o companheirismo seus lemas primordiais, empunham, sempre, a nossa bandeira.  Lutam por nós. Quem tem amigos como esses não precisa de nada mais, já tem o mundo!



(09 de julho/2005)
CooJornal no 428


 

Irene Vieira Machado Serra
professora, foniatra, psicóloga, editora da Revista Rio Total
RJ 

irene@riototal.com.br