17/05/2013
Ano 16 - Número 840

ENÉAS ATHANÁZIO
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Enéas Athanázio



UMAS E OUTRAS (2)

Enéas Athanázio - Colunista, CooJornal

A União Brasileira de Escritores (UBE) é a maior e a mais importante associação de escritores do país. Fundada em 1942 através da fusão de duas entidades preexistentes, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, teve como primeiro presidente o célebre crítico Sérgio Milliet. Também a presidiram, entre outros, o talentoso escritor Afonso Schmidt, autor de tantas obras que encantaram gerações de leitores, o Prof. Fábio Lucas, um dos grandes críticos militantes, e o criativo escritor catarinense Péricles Prade. Sua fundação foi uma resposta dos homens de letras ao cerceamento da liberdade de expres00são durante longos anos de ditadura. Desde então tem agitado os meios culturais e promovido a defesa intransigente dos escritores e da livre manifestação do pensamento. Tem associados em todos os recantos brasileiros e até no exterior. Tenho o prazer de pertencer aos seus quadros desde 1980, sendo hoje o mais antigo associado aqui no Estado (Inscrição 1 1 1 0), e fui seu delegado para o Vale do Itajaí. Ela publica um jornal e mantém um “site” na Internet (WWW.ube.org.br). É presidida pelo paulista Joaquim Maria Botelho, em seu segundo mandato, que esteve em nossa cidade no ano passado, ocasião em que foi entrevistado pelo jornal “Página 3.” Desde 1962 a UBE concede o prêmio Intelectual do Ano, a mais elevada láurea literária brasileira, cujo vencedor recebe o troféu Juca Pato, criação do caricaturista, escritor e jornalista Belmonte (Benedito Carneiro Bastos Barreto). A escolha é realizada através de eleição em que votam todos os associados e já foram contempladas com o prêmio as mais expressivas figuras do meio cultural brasileiro.

No final do ano passado a UBE recebeu duas demonstrações da repercussão internacional de seu trabalho e o reconhecimento de sua importância como entidade representativa dos escritores brasileiros. A Svenska Akademiens Nobelkommitté (Comitê Nobel da Real Academia Sueca), entidade que coordena a outorga do Prêmio Nobel, convidou a UBE para indicar nomes para receber o Nobel de Literatura de 2013, com prazo até 31 de janeiro. Reunida a diretoria, em caráter especial, foram escolhidos e indicados os nomes de dois brasileiros de renome internacional, cujas identidades são mentidas em sigilo a pedido da própria Academia Sueca. Adianta a entidade que um deles é da área da crítica literária e outro da poesia. Por outro lado, uma organização que congrega autores da cidade de Suzhou, na China, fez contato com a UBE propondo a visita de uma delegação de quatro escritores daquele país, visando estreitar as relações entre as nações e a possível participação de escritores chineses num painel sobre literatura promovido em futuro congresso da UBE.

Gostaria que mais escritores catarinenses se filiassem à UBE, aumentando nossa representatividade e reforçando nossa presença (*).
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Embora os racistas ainda persistam em suas posições, em especial no preconceito contra o negro, a ciência vem demonstrando que a miscigenação é um fato e que as populações vão se tornando cada vez mais parecidas em todo o mundo. Recentes matérias publicadas nos jornais informam que o cientista americano Edward O. Wilson, considerado o pai da sociobiologia, provocou furor nos meios científicos ao afirmar que a “miscigenação vai levar a diferenças cada vez menores entre países.” Escreveu ele: “Vai ser um processo irreversível, como misturar café com leite. Vamos homogeneizar os países em termos raciais. Isso não significa que a diversidade genética vai desaparecer. Pelo contrário: teremos uma imensa variedade, mas as diferenças entre os países vão se tornar cada vez menores. A diversidade que vemos nas ruas de Nova York ou do Rio de Janeiro hoje será a regra em muitos outros lugares. É um cenário que me atrai muito – até porque não temos como lutar contra ele.” De nada vale retorcer os narizes, logo seremos iguais na aparência, ainda mais no Brasil, onde somos iguais de norte a sul, diferenciados apenas pelos sotaques.
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Tenho a impressão de que a Internet revelou uma face hedionda de muita gente. Acobertadas pelo anonimato, valendo-se de pseudônimos e meios para dificultar a identificação, pessoas escrevem as coisas mais estúpidas que se possa imaginar. Fiquei estarrecido com o que algumas disseram a respeito de José Saramago, após seu falecimento, e, mais tarde, do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Coisas de arrepiar. Agora, com o falecimento do presidente Hugo Chávez, as mensagens são de provocar náuseas. Custa a crer que alguém possa escrever tais barbaridades. Ora, podemos gostar ou não de Chávez, concordar ou discordar das idéias dele, mas foi um ser humano de carne e osso, como todos nós, e merece um mínimo de respeito. Além disso, está morto e – como diziam os romanos – “mors omnia solvit.” Mas, segundo estudiosos do assunto, o ódio ideológico é o mais feroz de todos e perdura mesmo após a morte. Queiramos ou não, Chávez foi eleito pelo povo venezuelano, em eleição realizada sob observadores internacionais, pela vontade da maioria dos eleitores. Democracia não se realiza apenas quando ganhamos, mas também quando perdemos. (*) Endereço da UBE: Rua Rego Freitas. 4 5 4 – 12º. Andar – 01220-010 – São Paulo – SP.


(17 de maio/2013)
CooJornal nº 840



Enéas Athanázio,
escritor catarinense, cidadão honorário do Piauí
e.atha@terra.com.br
Balneário Camboriú - SC


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