25/05/2012
Ano 15 - Número 788

ENÉAS ATHANÁZIO
ARQUIVO

 

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Enéas Athanázio


BIBLIOTECA NACIONAL – 200 ANOS

Enéas Athanázio - Colunista, CooJornal

Importante revista de cunho cultural e educativo (*) publicou interessante reportagem a respeito da Biblioteca Nacional, hoje Fundação, cujo bicentenário passou mais ou menos despercebido. Segundo a matéria, quando deixou Portugal para escapar da invasão napoleônica, em 1807, o príncipe-regente D. João trouxe nas caravelas nada menos que 60.000 peças, entre livros, gravuras, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas. Chega a provocar calafrios a lembrança de que esse tesouro cultural e literário contendo a história do mundo e de Portugal, além de todo o acervo de obras formadoras da nossa língua foi embarcado em precários navios de madeira, às pressas, para transpor o oceano. Mas, para sorte nossa, a perícia daqueles velhos marinheiros trouxe tudo em segurança. Parte desse imenso acervo já havia sido salvo do célebre terremoto que atingiu Lisboa, seguido do grande incêndio que destruiu o centro da capital lusitana. Chegando ao Rio de Janeiro, sã e salva, a coleção foi acomodada de forma precária numa das salas do Convento da Ordem Terceira do Carmo. As instalações inadequadas punham em risco o acervo, até que o príncipe-regente baixou um decreto criando a Real Biblioteca, à rua Direita, atual rua Primeiro de Março, no Rio de Janeiro. No inicio a nova entidade se destinava apenas à realeza, como mais um de seus múltiplos privilégios. Cerca de um ano depois autorizou-se o ingresso de pesquisadores credenciados e três anos mais tarde, em 1811, foi, enfim, aberta ao público em geral, considerada esta a data de sua verdadeira fundação. Iniciava-se ali a história de uma instituição que teve nítida influência no desenvolvimento cultural e histórico do país, contendo hoje um acervo de livros que é o sétimo de todo o mundo e recebe 100.000 obras novas todos os anos.

Depois de mais uma mudança, a Biblioteca Nacional, já com essa denominação, passou o ocupar sua sede própria. “O edifício foi um projeto de Souza Aguiar, de estilo eclético, com elementos neoclássicos e art nouveau. O novo prédio foi inaugurado em 1910, durante o governo de Nilo Peçanha, no centro do Rio de Janeiro. Durante o século 20 a biblioteca foi ampliando e modernizando seus serviços a fim de acompanhar as necessidades dos pesquisadores e do público em geral. Em 1990 passou a constituir a Fundação Biblioteca Nacional, vinculada ao Ministério da Cultura. Em 2006, foi lançada a Biblioteca Nacional Digital. Hoje, possui um setor de restauro de papel considerado dos melhores do mundo” (p. 60).

Segundo sua diretora, “a marca de 200 anos mostra a consolidação da instituição como uma das mais importantes do país. Além de ser um patrimônio da memória do povo brasileiro, também é um patrimônio simbólico pelo conjunto arquitetônico que se destaca na cidade. Intelectuais de várias épocas passearam pelos seus corredores, pesquisando e absorvendo informações para seus trabalhos. Benjamin Constant, Machado de Assis, Rui Barbosa, Manuel Antônio de Almeida e Carlos Drummond de Andrade eram figuras que cultuavam o local” (loc. cit.). Eu acrescentaria Lima Barreto, que foi assíduo frequentador.

A visita à Biblioteca é uma experiência inesquecível. São impressionantes as estantes repletas de livros, cobrindo de cima a baixo as vetustas paredes, contendo um dos maiores conjuntos de obras de todo o mundo. Só o chamado armazém de obras gerais contém três milhões de títulos dessa área. A sala de leitura de obras raras guarda o mesmo ambiente tranquilo e silencioso de uma imensa catedral, convidando à leitura e à reflexão. Todo esse acervo, incluindo manuscritos, documentos, originais, coleções, fotos, gravuras e incontáveis peças variadas é conservado de forma meticulosa por funcionários especializados que “vestiram a camisa” de guardiões de nossa memória histórica e cultural.

É da maior importância que todo autor de livros remeta exemplares para o acervo da instituição, o chamado depósito legal. Aqui no Estado essa providência tem sido descuidada.

Na mesma data foi fundada a Biblioteca Pública Estadual da Bahia, em Salvador.

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(*) Revista “Agitação”, publicação do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), S. Paulo, Número 99, págs. 58/60. Remessa de livros: Fundação Biblioteca Nacional – Avenida Rio Branco, 2 1 9 – 3º. Andar – 20090-003 – RIO DE JANEIRO.


(25 de maio/2012)
CooJornal nº 788



Enéas Athanázio,
escritor catarinense, cidadão honorário do Piauí
e.atha@terra.com.br
Balneário Camboriú - SC


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